Tomo emprestado de Lulu Santos o seu verso da canção “Como uma onda”. “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa. Tudo sempre passará”. E do sábio cancioneiro caipira Adalto dos Santos, o belo verso da canção “Triste Berrante”: “mas sempre foi assim e sempre será. O novo vem e o velho tem que parar”. Cito as duas canções voltando ao tema das atuais transformações pelas quais passa o país. O velho que precisa parar é um conjunto de velhos comportamentos que de repente caíram de moda.
Vou citar alguns, mas a lista é imensa: a corrupção, a burocracia, a falta de ética, o sindicalismo ideológico, o sistema de representação política que elege vereadores, deputados estaduais e federais, os partidos políticos, os modelos de gestão pública, a educação fora da sintonia, a escola pública sucateada, as universidades prisioneiras de ideologias, o corporativismo de classes no serviço público, a saúde abandonada e sem projeto, a justiça alheia à sociedade, empresários anti-éticos, o sistema penitenciário, os modelos de polícias, os sistemas de trânsito e de vias do trânsito nas cidades, a predominância do veículo sobre as pessoas, o desinteresse da sociedade pelo seu próprio destino, família alheias à educação dos filhos, instituições privadas custeadas com dinheiro público que se desviam da sua função. Poderia citar outro tanto. Mas basta.
Enquanto esse sistema milenar e em alguns casos centenários, estão em decadência, a própria sociedade constrói um modelo positivo e futurista. Não é a sociedade toda, claro. Mas se um lado do balanço está caindo, o outro está subindo. Vamos a um exemplo polaraizador. A Operação Lava Jato é uma grata surpresa porque enquadrou a elite das empreiteiras brasileiras que construíram canais de desvio de recursos pública para si e para financiar o sistema de partidos políticos e os representantes parlamentares. Estão na malha e sem chance de saírem. “Nada será como antes”, de novo. Juízes novos, comprometidos e preparados intelectualmente substituem dinossauros alheios. O mesmo com policiais federais, procuradores de justiça que crêem na justiça. Aqui e ali parlamentares desse novo perfil. Profissionais liberais e até, pasmem, gestores públicos! A sociedade cobra posições e execra ladrões...!
Olho para o futuro com respeito. Não será na minha geração que o Brasil ficará eticamente pronto. Mas começou. De novo merecem respeito os dois compositores: nada será como antes, porque o novo vem e o velho tem que parar. Esperanças no ar.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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