À medida que se aproxima o
julgamento do mensalão, previsto para começar no próximo dia 2 de agosto,
crescem os esperneios da turma que se acostumou a viver das benesses do Estado
concedidas pelo governo petista. A CUT é apenas mais um dos descontentes com o
acerto de contas que a "sofisticada organização criminosa" terá de prestar com
a sociedade.
O novo presidente da Central
Única dos Trabalhadores ameaça levar seus comandados às ruas para protestar
contra decisões do Supremo Tribunal Federal que lhe desagradem - ou seja, que
levem à condenação de alguns dos réus do mensalão. "Não pode ser um julgamento político. Se isso ocorrer, nós iremos para
as ruas. A CUT é um ator social importante e não vai ficar olhando", disse
Vagner Freitas à Folha
de S.Paulo.
A atitude da CUT não é
novidade. À época em que o escândalo da compra de apoio parlamentar foi
revelado, em 2005, a central e outros satélites do PT também ameaçaram parar o
país para impedir alguma investigação mais séria sobre a conduta do então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A linha de ação é conhecida: acuar
adversários, coibir investigadores, salvar corruptos.
Curioso é que a mesma CUT que
se ocupa em defender réus num processo que lesou os cofres públicos em milhões
de reais não se anima a lutar por seus filiados do serviço público federal, em
greve há semanas. "A dúvida, hoje, é se a CUT vai para as ruas a favor dos
mensaleiros de Lula, contra o Supremo, ou se vai a favor dos trabalhadores",
comenta Eliane Cantanhêde na Folha.
Não há dúvida de que o PT vai
usar todas as armas de que dispõe para conturbar o julgamento do mensalão e
levantar, o tempo todo, suspeitas sobre as decisões tomadas pelos ministros do
STF. A senha está dada: o que desagradar os petistas será tratado como manifestação
política e não técnica - e, portanto, passível de contestação.
Exatamente um mês atrás, a
meninada da UNE também deu seus urros ao ser instada pelo chefe da quadrilha do
mensalão - na definição da Procuradoria-Geral da República - a ir para as ruas
travar o que seria uma "batalha política". Como se vê, tanto os estudantes
quanto os sindicalistas não aceitam as regras do Estado Democrático de Direito.
Se não lhes apetece, vociferam e ameaçam.
Desde já, não há dúvida que
toda e qualquer decisão contrária aos mensaleiros será vilipendiada pelo PT e
seus satélites. Para começar, a própria escolha da data do julgamento, que
coincidirá com o processo eleitoral, já tem servido de mote para o esperneio.
Não será surpresa se, por esta razão, todo o processo for posto em descrédito
pelos 38 acusados e seus advogados.
O uso indiscriminado de
estruturas oficiais para coibir apurações e o trabalho da Justiça não é
novidade no PT, muito menos uma particularidade do mensalão. Também no caso dos
aloprados, a compra de falsos dossiês anti-tucanos em 2006, a mão pesada do
Estado foi acionada para impedir que as investigações chegassem aos peixes
graúdos, como mostrou a revista Veja
desta semana.
O bom da história é que o
Supremo já demonstrou que, às pressões, reage com atitudes firmes. Foi assim,
por exemplo, com a malfadada tentativa de Lula de intervir no processo,
postergando-o para 2013, quando algumas das penas já estariam prescritas. Mais
que depressa, os ministros retrucaram marcando o julgamento para já.
Enquanto o PT se movimenta para
colocar seus comandados a postos para parar o país, a maioria da sociedade
brasileira, que repudia a afronta que o mensalão representou, está mobilizada
para impedir que os arreganhos autoritários da turma de José Dirceu prosperem.
Chegou a hora de os mensaleiros acertarem as contas com a Justiça. Eles são
réus, não vítimas; e não há ameaça que mude isso.
Instituto Teotônio Vilela
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