Após comerciante dizer em depoimento que seu nome foi usado
indevidamente pelo esquema de Cachoeira, senadores e deputados insistem
na ampliação das investigações da construtora em todo o país.
O depoimento da comerciante Roseli Pantoja da Silva, única dos três
convocados a falar à CPI do Cachoeira ontem, fez os parlamentares
insistirem na importância de a construtora Delta ser investigada
nacionalmente, e não só na região Centro-Oeste.
Dezesseis empresas-fantasma movimentaram quase R$ 300 milhões com
repasses da Delta. Cachoeira é peixe pequeno neste esquema. Como Roseli,
outras pessoas foram usadas — disse o deputado Vanderlei Macris
(PSDB-SP).
O senador Pedro Taques (PDT-MT) tem opinião semelhante. Para ele, o principal alvo da CPI deve ser a Delta.
Cachoeira é apenas um instrumento. Não dá para limitar as investigações ao Centro-Oeste — argumentou.
Roseli negou envolvimento com o esquema o contraventor Carlos Augusto
Ramos e disse que seu nome foi usado para colocá-la como sócia da
Alberto & Pantoja Construções, apontada como “fantasma” pela Polícia
Federal.
A comerciante alertou que dados pessoais dela não coincidiam
totalmente com os da Polícia Federal e com os da CPI. Primeiro ela
corrigiu a grafia do nome, que é com “i” e não com “y”; depois não
reconheceu o número do CPF apresentado a ela pelo relator, Odair Cunha
(PT-MG).
Isso mostra o nível de complexidade da quadrilha. Pegaram nomes
parecidos e criaram CPF válido, no endereço dela. Roseli foi usada de
forma criminosa pela organização de Cachoeira — disse Cunha.
Feira dos Importados
Roseli, que prestou depoimento sem advogado, informou que o
ex-marido, Gilmar Carvalho Moraes, é contador autônomo e certa vez deu a
ele uma procuração para abrir uma loja de artigos para roqueiros na
Feira dos Importados de Brasília.
Com o documento, Moraes abriu conta
bancária no nome dela, fez compras e deixou de pagar dívidas. Para os
integrantes da CPI, o ex-marido de Roseli tornou-se um suspeito e deve
ser convocado a depor.
Na opinião de Cunha, ficou claro que a quadrilha pode ter utilizado
os documentos de Roseli para a criação da Alberto & Pantoja. Ele
lembrou que em dois anos a empresa movimentou R$ 60 milhões, tendo
recebido da Delta mais de R$ 25 milhões.
Primeiro chamado a depor, o ex-presidente do Departamento de Trânsito
de Goiás (Detran-GO) Edivaldo Cardoso de Paula repetiu prática já comum
na comissão ao evocar o direito de ficar em silêncio para não fornecer
provas contra si.
Edivaldo de Paula é acusado de favorecer os interesses
de Cachoeira no órgão de trânsito goiano.
Outro convocado, Hrillner Ananias, que foi segurança do ex-senador
Demóstenes Torres, também ficou calado e foi rapidamente dispensado.
A CPI ouviria também o policial aposentado Aredes Correia Pires, mas,
não localizado, foi reconvocado para a próxima quarta-feira.
Jornal do Senado

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