Deputados continuarão nesta quarta a votação
de destaques à proposta. Emendas a serem analisadas pretendem retirar
programas como o Fies e o Pronatec da meta de 10% do PIB a serem
investidos no ensino público.
A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa o Plano Nacional de Educação (PNE - PL 8035/10) aprovou nesta terça-feira (22) o texto-base do projeto. O colegiado aprovou ainda o destaque que trata da questão de gênero no PNE – o tema gerou polêmica entre grupos de militantes dos direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBTT) e de representantes de igrejas.
A emenda aprovada recuperou a
redação do Senado no artigo que determina a "superação das desigualdades
educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de
todas as formas de discriminação."
O relator, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), havia optado pela redação aprovada pela Câmara em 2012
que determinava a "superação das desigualdades educacionais, com ênfase
na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação
sexual". Como foi alterado no Senado, o PNE - que traz diretrizes para o
ensino nacional nos próximos dez anos - voltou para exame dos
deputados. Depois da comisão especial, o texto seguirá para o Plenário.
Leonardo Prado
Para o deputado Izalci (PSDB-DF), autor da emenda, o texto do Senado é
mais amplo, o que pode garantir a segurança de um maior número pessoas,
e está de acordo com a Carta Magna. "A Constituição proíbe qualquer tipo de discriminação. Portanto, aprovamos o texto mais correto, que reproduz o dispositivo constitucional."
Já a professora de ensino médio em Santa Catarina, Marta Vanelli, afirmou que vê diariamente na escola discriminação de gênero, raça e orientação sexual. Para ela, excluir essa explicitação do PNE representa um retrocesso.
"Mas tenho certeza que as escolas vão continuar combatendo esse tipo
de preconceito porque a gente quer uma sociedade melhor para todos e
todas. Uma sociedade igualitária, com justiça social”, comentou a
docente.
Financiamento público
A votação na comissão foi suspensa por causa do início da Ordem do Dia
do Plenário. Os deputados retomam a análise do texto nesta quarta-feira
(23), às 14h30, no Plenário 1, discutindo os destaques que excluem do
financiamento público da educação iniciativas como o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e o Universidade Para Todos (ProUni).
O texto aprovado garante 10% do PIB
para o ensino público. Existem, no entanto, três emendas que querem
retirar desse percentual investimento público em educação programas como
o Ciência sem Fronteiras, o Fies – além do Pronatec e o ProUni –, creches e pré-escolas conveniadas e a educação especial.
O deputado Ivan Valente (Psol-SP) afirmou que permitir que parte dos
recursos sejam investidos em instituições financeiras “equivale a dizer
que a meta que determina 10% PIB para o ensino público não será
cumprida, porque parte do dinheiro será investido em instituições
privadas."
Já o deputado Gastão Vieira (PMDB-MA) sustentou que esses programas
garantem o acesso de milhões de alunos ao ensino superior. "As
universidades públicas não conseguem absorverm mais de 80% dos
estudantes que saem do ensino médio."
Reportagem - Karla Alessandra
Edição - Marcelo Oliveira
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