Neste dia 25 completei 38 anos morando em Mato Grosso. Na verdade, gosto muito de datas, uma herança de minha mãe, dona Júlia, que lembra todas as datas de todo mundo e ainda associa a data com algum fato importante. A memória dela é um desses prodígios que só a natureza explica. Aprendi com ela a valorizar datas. Associo datas e fatos e admito que mantenho uma memória invejável e um banco de dados muito grande. Uma coisa puxou a outra.
Mas volto à vinda para Mato Grosso. Morava em Brasília onde exercia o jornalismo há quatro anos, ainda muito jovem. A divisão de Mato Grosso para criar o estado de Mato Grosso do Sul não era exatamente civilizada. Havia uma histórica ruptura política e econômica entre Campo Grande e Cuiabá. Por conta disso a divisão corria com o conhecimento no Sul e à revelia do Norte porque ela era um projeto político do general Ernesto Geisel, presidente da República (1975/1979). O governador de Mato Grosso, Garcia Neto, era do Norte e contra a divisão. O Palácio do Planalto tratava Cuiabá como adversária no projeto da divisão.
Nesse clima acabei vindo morar em Mato Grosso pra trabalhar dentro dessa crise entre as duas regiões, que estampava na imprensa da época como um elemento de desgaste do governo do estado e tentar convencer a todos que era inviável administrar aquele imenso território unido.
Vim de carro e, por seis meses, fiz esse trajeto a cada 15 dias entre Cuiabá e Brasília, porque deixei a Carmem e os três filhos lá até terminar o ano letivo e eu me consolidar em Mato Grosso. Em relação a Brasília, onde eu morava há 16 anos, Mato Grosso e Cuiabá eram completamente diferentes. Mas alguma coisa me atraiu no primeiro momento. Com o passar do tempo percebi que foi o aconchego que recebi desde que cheguei num começo de noite de uma terça-feira, em 15 de agosto.
Com o amigo professor Altair, que não vejo há muitos anos, comemos uma pizza no Max Pizzaria, na avenida Fernando Correa, onde hoje funciona a farmácia da Unimed. Era uma casa com área sombreada. Uma delícia a pizza e a conversa do Max, sempre de cara fechada, mas de um coração enorme. Saí dali amigo dele. E assim foi com aquela gente, cuja maioria não está mais na vida política ou nem mais conosco, como o governador Garcia Neto, o próprio Max e tanta gente mais.
Meu filho Tiago nasceu cuiabano, netos, noras e a consolidação de uma terceira naturalidade: Minas Gerais, Brasília e Mato Grosso. Aqui foi onde fiquei mais tempo e até penso, quem sabe, ficar por aqui pra sempre....quando chegar o tempo, bem entendido...!
Onofre Ribeiro é jornalista em mato Grosso
onofreribeiro@terra.com.br www.onofreribeiro.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário