Sucessor de Paulo Roberto Costa na Petrobras deve falar a senadores e deputados a respeito da suposta ligação com doleiro preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Petrobras ouve amanhã, às 14h30, o diretor de Abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza, que assumiu o posto no lugar de Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato. O depoimento ocorre depois de dois requerimentos, apresentados pelos deputados Rubens Bueno (PPS-PR) e Carlos Sampaio (PSDB-SP) e subscritos pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR), entre outros.
Bueno explica que Cosenza vai prestar esclarecimentos sobre revelações feitas pela imprensa envolvendo menções a seu nome e ligando-o a condutas consideradas criminosas cometidas pelo doleiro Alberto Youssef (preso sob acusação de prática de crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa); por Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras); e pelo deputado Luiz Argôlo (SD-BA) alvo de duas representações no Conselho de Ética da Câmara por quebra do decoro parlamentar em virtude do envolvimento com Youssef.
Demissões
No requerimento, Carlos Sampaio destaca a demissão recente de vários executivos da Diretoria de Abastecimento da Petrobras e afirma que Cosenza, que ocupa o cargo no lugar de Costa, “por indicação do PMDB, não caiu”. Registra ainda que o ex-diretor tentou fazer negócios diretamente com a estatal depois de deixar o cargo, ao enviar uma carta à presidente da companhia, Graça Foster, propondo parceria entre a empresa e a REF Brasil, um empreendimento que ele vinha administrando até ser preso e que previa a construção, com recursos privados, de pequenas refinarias de petróleo em pelo menos quatro estados.
De acordo com o requerimento, o ex-diretor queria que a Petrobras fornecesse petróleo para refinarias ou contratasse os serviços da REF. Na carta, cujo rascunho foi apreendido pela polícia, Costa tenta convencer a presidente da estatal, ao sugerir a assinatura de um memorando de confidencialidade para que as partes REF e Petrobras pudessem discutir o “negócio”. A carta recebeu encaminhamento dentro da Petrobras. Graça determinou que Cosenza, sucessor de Costa na Diretoria de Abastecimento da estatal, tratasse do assunto.
Ainda de acordo com o requerimento, a Petrobras garantiu que a sugestão de Costa não foi adiante e que o próprio Cosenza respondeu a ele. Na resposta, de acordo com nota da estatal, Cosenza afirmou que a presidente da Petrobras o incumbiu de responder que não iria aceitar as propostas do ex-diretor.
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