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domingo, 16 de novembro de 2014

"PSOL vai se somar às iniciativas em defesa de uma reforma política democrática"

Um dos temas mais pautados nas rodas de debates políticos desde junho de 2013, quando ocorreram protestos em todo o país com a participação de milhões de pessoas, é a reforma do sistema político. Com as eleições de outubro deste ano, sem dúvida esse assunto se tornou ainda mais central nas reivindicações dos diversos setores que compõem o espectro político brasileiro. 

Movimentos sociais, partidos políticos, parlamentares e os próprios candidatos expressaram a defesa para que hajam mudanças na forma de conduzir o conjunto de regras que envolvem a criação e a manutenção dos partidos, critérios para representação no Congresso Nacional, propaganda e distribuição do tempo de TV, repasse do fundo partidário e o processo eleitoral em si. 

No entanto, o conteúdo do que é defendido nem sempre atende às demandas das organizações e dos partidos que brigam por um sistema que permita mais democracia e participação popular. As divergências ficaram ainda mais pulsantes nos três meses que antecederam às eleições de outubro, quando os diversos discursos apresentados nas campanhas eleitorais disputavam a condução dos rumos do país.

Atenta ao tema cada vez mais presente nos espaços de discussão e com o compromisso de intervir, a Executiva Nacional do PSOL aprovou uma resolução que defende mais democracia e participação popular em todo o processo do que virá a ser a reforma política. E o conteúdo do documento deixa claro que o partido vai se engajar para que a reforma represente mudanças concretas no sistema político brasileiro e também ressalta as fortes divergências com os setores que defendem a manutenção dos interesses econômicos dos grandes partidos. “Enquanto a profunda insatisfação com o atual modo de se fazer política no Brasil é expressa nas ruas, os que hoje se beneficiam do sistema fazem suas mudanças na superfície e apenas eleitorais. Além disso, parte substancial dos partidos presentes no Congresso, seja da base do governo ou da oposição conservadora, disputa a pauta da reforma política: propõem cláusula de barreira, voto distrital e a manutenção do financiamento privado de campanhas, entre outras formas de aprofundar o atual sistema”, afirma a resolução.

Defender um processo mais democrático significa, para o partido, defender um sistema político com menos acordos nos palácios e mais debates abertos nas praças. Entre os eixos defendidos na plataforma do PSOL, se destacam: financiamento exclusivamente público de campanhas, fim das coligações proporcionais, aumento de instrumentos de participação, como plebiscitos e referendos, e combate a qualquer medida regressiva, como a cláusula de exclusão aos partidos menores.

O presidente nacional do PSOL, Luiz Araújo, enfatiza que o partido vai se somar, nos próximos meses, às iniciativas que têm como objetivo central construir propostas de mudanças efetivas no sistema político e que levem em consideração as demandas apresentadas pelo conjunto dos movimentos sociais. “O PSOL já tem a sua plataforma com os eixos que defendemos para a reforma política. Vamos nos engajar nas lutas que visem mudanças para um sistema que fortaleça a democracia direta e que diminua a incidência do poder econômico”. Segundo Luiz, outra atuação importante que o PSOL terá no próximo período é para que o Supremo Tribunal Federal (STF) “desengavete” a Ação Direta de Inconstitucionalidade 4650, da OAB, sobre o financiamento empresarial de campanhas eleitorais, que já tem maioria de votos no plenário. Por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes, a Adin está com a sua tramitação paralisada desde abril deste ano.

Constituinte exclusiva
Mais de 170 organizações sociais se articulam, desde o início deste ano, em torno da campanha pelo plebiscito oficial por uma Assembleia Constituinte Exclusiva e Soberana para reformar o sistema político, a partir da construção de comitês populares suprapartidários em todo o país. Na semana do 7 de setembro, a campanha promoveu um plebiscito popular, com a participação de 7,5 milhões de pessoas e, dessas, 97% foram favoráveis que se convoque uma constituinte exclusiva para promover a reforma política.

Um dos coordenadores da campanha do plebiscito, Ricardo Gebrim, defende que para haver uma reforma política democrática é necessário que se convoque uma constituinte exclusiva e essa convocação tem que ser decidida por meio de um plebiscito oficial, em que a população terá a chance de dizer se concorda ou não com a convocação. “A constituinte tem que ser exclusiva porque os atuais parlamentares têm interesses que a reforma não aconteça de uma forma que atenda aos interesses popular. E o mecanismo que pode garantir a legitimidade dessa constituinte é o plebiscito, com toda a população participando”, afirma Gebrim, para quem essa luta só vai ter avanços se houver muita pressão popular por parte das organizações sociais.

Ricardo Gebrim explica que as organizações reunidas em torno da campanha apostam na aprovação do Projeto de Decreto Legislativo n° 1508/2014, que "dispõe sobre a realização de plebiscito para decidir sobre a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político". Para reforçar a pressão, os comitês populares devem promover, na primeira quinzena de março, uma semana nacional de mobilização, em todo o país.

Também tramita na Câmara a PEC 276/13, que prevê a convocação de uma constituinte exclusiva. Nela, no entanto, não consta o plebiscito oficial. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) foi designado, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados, relator da PEC, assinada por diversos deputados. Leia mais aqui.

Projeto de iniciativa popular
Há também uma articulação, envolvendo 104 organizações sociais, para que seja apresentado ao Congresso Nacional até o ano que vem um Projeto de Iniciativa Popular (Plip) para a reforma do sistema político. Márlon Reis, juiz eleitoral no Maranhão, que integra a Coalização pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, explica que já foram coletadas mais de 600 mil assinaturas para o projeto e que a expectativa do movimento é reunir, ainda no primeiro semestre de 2015, mais de 1,5 milhão de assinaturas para apresentar o Plip. Entre as 104 organizações que integram a coalização, estão a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), o MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) e a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política.

O juiz, que também integra o Comitê Nacional do MCCE, afirma que os pilares da proposta são: acabar com as doações de empresas para campanhas eleitorais e votação proporcional em dois turnos, sendo que no primeiro o eleitor vota no partido e no segundo turno vota no candidato. “Dessa forma, o eleitor terá mais condições de definir quem de fato vai ocupar as vagas dos partidos definidos no primeiro turno. Esse será um voto mais transparente. E no primeiro turno, as campanhas serão focadas nos partidos e não em um grande número de candidatos, o que vai abaixar ainda mais os custos das eleições”, defende. De acordo com Marlon, antes de colher o número de assinaturas exigido para apresentar o Projeto de Iniciativa Popular, o movimento pretende realizar uma série de manifestações para pressionar em defesa da reforma política. “Vamos organizar atos públicos, de rua, e mobilizar a sociedade por essa causa, que transcende os partidos políticos. Somente com pressão popular, teremos uma reforma política democrática. Em março, realizaremos um grande ato em Brasília”, pontuou.

Leia abaixo a íntegra da resolução sobre Reforma Política, aprovada pela Executiva Nacional do PSOL.

Reforma Política: por mais democracia e participação popular

As mobilizações de Junho de 2013 e o mais recente processo eleitoral, cujo resultado foi marcado novamente pela incidência do poder econômico, expressam a necessidade de o Brasil promover uma profunda reforma em seu sistema político, associada a reformas de caráter popular que democratizem a riqueza, conforme o PSOL defendeu nas mais recentes lutas no país e em sua campanha eleitoral de 2014.

Enquanto a profunda insatisfação com o atual modo de se fazer política no Brasil é expressa nas ruas, os que hoje se beneficiam do sistema fazem suas mudanças na superfície e apenas eleitorais. Além disso, parte substancial dos partidos presentes no Congresso, seja da base do governo ou da oposição conservadora, disputa a pauta da reforma política: propõem cláusula de barreira, voto distrital e a manutenção do financiamento privado de campanhas, entre outras formas de aprofundar o atual sistema.

Setores progressistas da sociedade, seja por meio de partidos de esquerda, movimentos sociais, sindicatos ou demais organizações e plataformas, lutam por uma política que privilegie o debate programático, amplie os instrumentos de participação direta da população na tomada de decisões e diminua ao máximo a incidência do poder econômico.

O PSOL tem a luta pela reforma política em seu sangue. Um sistema político com menos acordos nos palácios e mais debates abertos nas praças é peça fundamental da disputa que fazemos sobre o Brasil que queremos. O PSOL tem sua própria plataforma sobre o tema, que envolve, entre outros pontos, o financiamento exclusivamente público de campanhas, o fim das coligações proporcionais, o aumento de instrumentos de participação, como plebiscitos e referendos, e o combate a qualquer medida regressiva, como a cláusula de exclusão aos partidos menores.

Nosso partido se somará a todas as iniciativas em curso no Brasil que visem construir propostas de mudanças na política brasileira em um caráter popular e democrático, diminuindo a incidência do poder econômico e fortalecendo a democracia direta, que acabem com o personalismo e a demagogia, como o Plebiscito pela Constituinte Exclusiva ou como a Coalizão pela Reforma Política Democrática, com o Projeto de Lei de Iniciativa Popular por Eleições Limpas. Defenderemos que as iniciativas plebiscitárias sejam feitas garantindo a igualdade completa de condições na apresentação de propostas e divulgação das mesmas.

Também lutamos, e continuaremos nessa trincheira, para que o Supremo Tribunal Federal (STF) desengavete a Ação Direta de Inconstitucionalidade da OAB sobre o financiamento empresarial de campanhas eleitorais, que já tem maioria de votos no plenário.

Reconhecendo o papel da reforma política para a construção de um Brasil soberano e com justiça social, bem como a força das lutas recentes em torno do tema, a Executiva Nacional do PSOL convoca a militância do partido a construir plataformas de luta pela reforma política com demais setores progressistas e de esquerda da sociedade, buscando o fortalecimento e lutando por vitórias concretas.


Executiva Nacional do PSOL

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