O
ex-ministro da Agricultura não vai ficar desempregado. O seu padrinho político,
o senador republicano e “boss” do agronegócio brasileiro vai alojá-lo no
comando da Companhia Nacional da Abastecimento – Conab, uma das “jóias da
coroa” da chamada administração indireta do governo federal.
A estatal, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tem orçamento bilionário próprio, gestão descentralizada e é responsável pela compra e venda de safras de vários tipos de grãos, a título de manter estoques mínimos de alimentos no país e regular no mercado os preços dos produtos que armazena. É um “canhão” e tanto em termos de movimentação de mercadorias e recursos financeiros no setor agrícola.
Se não tiver nenhum desses chamados “acidentes de percurso” no caminho, tipo do que ocorreu recentemente com a prisão de dois irmãos do ainda ministro, acusados de grilagem de terras em áreas destinadas à Reforma Agrária, Neri Geller, segundo fontes fidedignas do Página Única, a partir de janeiro próximo vai presidir a Conab – uma das “joias da coroa” do governo federal e que embora, em tese, seja um órgão do chamado segundo escalão, tem orçamento maior que muitos ministérios, além da vantagem de ser um cargo, digamos assim, sem muita visibilidade, mas com poder de fogo para interferir nos rumos da economia, em especial no agronegócio – um setor em que o Blairo Maggi pontifica. Como se percebe, Maggi não “prega prego sem estopa”...
Neri Geller é apenas filiado formalmente ao PMDB de Carlos Bezerra, Silval Barbosa e companhia, porém seus vínculos políticos são com Blairo Maggi, como todos sabem, senador do PR e este, conforme é óbvio, mesmo não fazendo parte do PMDB, já havia emplacado anteriormente Geller na cota peemedebista na equipe ministerial de Dilma, através de uma articulação que envolveu o ex-presidente Lula e setores abonados da agricultura e pecuária.
Por se tratar de uma escolha pessoal sua (lá dele!), Blairo usou apenas, à época da nomeação de Neri Geller para ministro, a sigla PMDB como suporte partidário na indicação à pasta da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), cargo no qual o protegido do senador está há cerca de 10 meses e vai deixar no próximo dia 31, pois sua vaga na Esplanada dos Ministérios será ocupada pela senadora Kátia Abreu, também filiada ao PMDB, e que assume o cargo de ministra na cota pessoal da presidente Dilma Rousseff.
No entanto, plagiando o “cesteiro que faz um cesto também faz um cento”, eis que o senador republicano tomou gosto e, mais uma vez, faz o PMDB de “barriga de aluguel” e acerta por cima, com a presidente Dilma, patrolando o partido em Mato Grosso, a presidência da poderosa, e cobiçada, Conab para ser gerida por Neri.
Resumo: Neri está sendo emplacado na Conab, mesmo com ele e seu padrinho terem sido acusados por várias lideranças peemedebistas e petistas de não terem se empenhado no apoio ao candidato a governador Lúdio Cabral (PT) que, coligado ao PMDB, perdeu as eleições para Pedro Taques (PDT), até então visto como oposicionista ferrenho, não só dos seguidores de Dilma em Mato Grosso, mas da própria presidente da República.
No tocante à política mato-grossense, Blairo Maggi já havia dito que ficaria “neutro” (entre aspas mesmo!) na disputa entre Lúdio e Pedro Taques. Já Neri ficou marcado por, no decorrer de toda a campanha, ter feito jogo duplo em benefício de Taques.
Resultado do desempenho do ministro: em que pese todos os investimentos que o governo federal fez em benefício do agronegócio mato-grossense, o setor votou em peso no tucano Aécio Neves.
TEM MAIS UMA
Antes, porém, de usar o PMDB como escada e ganhar a Conab, Maggi teria sondado, pelo que se comenta nos bastidores da política local, a possibilidade de colocar Neri em uma das secretarias do staff de Pedro Taques, de preferência a Sinfra. Para evitar incompatibilidade partidária, Gueller, que na recente campanha já havia articulado a favor da eleição do pedetista ao Governo do Estado, simplesmente se desfiliaria do PMDB, e pronto! Mas, como a coisa não foi avante, o “peemedebista” Neri deve ficar com uma estrutura maior: a Conab.
O PMDB é mesmo uma mãe!
Por Mário Marques de Almeida

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