O novo líder do PMN é Hiran Gonçalves (RR), integrante da bancada da saúde. Médico oftalmologista, ele foi presidente do Conselho Regional de Medicina de Roraima, legista do estado, e professor da Universidade Federal de Roraima.
Em seu primeiro mandato eletivo, Gonçalves chega à Câmara e assume a liderança de sua bancada, que conta com mais dois deputados, mas que forma uma bancada de 38 deputados junto com PRB, PRP, PTN, PSDC, e PRTB.
Quais as perspectivas para 2015?
Estamos vivendo um processo muito importante para a História do Brasil. Começamos essa legislatura com o apoio à candidatura do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a Presidência da Casa, e o presidente iniciou um trabalho muito dinâmico nesse início, destrancamos a pauta, e trouxemos para o Plenário a reforma política que é um clamor da sociedade. Isso vai ser bastante discutido na comissão especial. Também regulamentamos a profissão de caminhoneiro no Brasil.
Outra coisa importante, é que aprovamos o projeto de lei de emendas impositivas. O que isso significa? Nós não precisamos ficar a reboque do governo, sendo bonzinhos com o governo, para que possamos viabilizar nossas emendas e aplicar os recursos que nós conseguimos com essas emendas nos lugares mais necessitados dos nossos estados.
No meu caso, como eu sou médico, oriundo do movimento médico, vou trabalhar muito na questão da saúde do meu estado, que é muito carente. Para ter uma ideia, nosso estado não tem um tratamento de radioterapia para pacientes portadores de neoplasia. As mulheres que têm câncer de mama, para se ter uma ideia, precisam de uma transferência da secretaria de saúde, e vão ser atendidas em Rondônia, Manaus, ou em São Paulo. Temos coisas que temos de corrigir nas deficiências em nossos estados. E não só isso, mas no Brasil como um todo, precisamos melhorar a saúde, com financiamento do SUS. Vamos lutar para o aumento desse financiamento.
Qual deve ser a relação do partido com o governo?
Nós acabamos de construir um bloco parlamentar. Nós somos vários partidos pequenos. Éramos 17, e nos unimos ao PRB, que tem 21 deputados, ficamos com 38, a quarta bancada do Congresso. Estamos deliberando qual será nossa posição em relação governo, mas posso adiantar de antemão que aquilo que for bom para o país, que for do interesse nacional, vamos votar com o governo, mas não estaremos atrelados automaticamente em tudo o que for do interesse do governo. Porque às vezes não está sintonizado com as inspirações populares.
O governo enviou uma série de medidas com um ajuste fiscal, o PMN concorda com esse corte de gastos?
O corte deve ser feito onde há desperdício. Vou te falar a minha posição pessoal. Do ponto de vista da saúde, não dá pra cortar. Até o governo entende isso, inclusive nas nossas emendas impositivas temos de colocar 50% dos recursos na saúde, porque é uma ação prioritária. Segurança também, não se pode cortar gastos em segurança. É preciso cortar gastos onde se desperdiça, evitando corrupção e desvio de recursos, sou a favor de economizar, mas não em pontos que são de interesse da população.
Quais os projetos prioritários para esse ano de 2015?
Do ponto de vista do meu estado, vou trabalhar em parceria com o governo do estado, com a prefeitura da capital, e com os municípios, que são muito carentes. Nosso estado é novo, tem apenas 15 municípios, longínquos, e que carecem de apoio da bancada federal para que eles funcionem e sejam estruturados, para satisfazer os interesses da sociedade.
A saúde é o principal clamor da sociedade do meu estado, os roraimenses sofrem muito. Precisamos aumentar o financiamento do SUS. Também vamos ter embates na implantação do programa do governo que se chama Mais Especialidades, que o governo vai começar para garantir especialistas em mais de 60% dos municípios que não têm, como oftalmologistas e ortopedistas.
Sou contra trazer médicos estrangeiros para o País sem que eles tenham seus diplomas validados, uma avaliação dos órgãos competentes para ver se eles são realmente aptos e falam português. Não sou contra que eles venham, mas têm de ser avaliados. E precisamos descentralizar os médicos brasileiros, que estão no Rio e em São Paulo, dando estrutura, remuneração, e plano de carreira que assegure o deslocamento para os lugares mais longínquos. Como os juízes. Não apenas os médicos, mas todos os multiprofissionais de saúde, enfermeiros, fisioterapeutas, etc.
Reportagem - Marcello Larcher
Edição - Newton Araújo
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