Desde que terminou o governo Silval Barbosa e começou o de Pedro Taques, as chamadas obras da Copa vieram para todas as primeiras páginas da imprensa de onde não saíram até hoje. No correr da semana que passou se falou numa CPI na Assembléia Legislativa, inicialmente proposta pela jovem deputada Janaína Riva. Achei oportuníssima a idéia.
Ela é boa para a gestão Pedro Taques, porque livra-o desse fantasma de ter que solucionar questões e fazer o que com o que. É boa para a Assembléia Legislativa que lava as mãos de sua horrorosa omissão. É boa para o ex-deputado José Riva porque certamente vai posicioná-lo definitivamente dentro do imbróglio. E melhor será para o ex-governador Silval Barbosa, porque vai desenrolar de vez todos os desdobramentos disso tudo.
De fato, não dá pra gestão atual passar a mão na cabeça das contradições existentes sobre as quais a população lhe cobra ações. Mas também não dá pra continuar sentada nesse discurso. O ex-governador Silval Barbosa terá todas as chances na CPI de dizer o que sabe, o que pensa e explicar o que tiver que explicar. O mesmo em relação ao ex-deputado José Riva.
Se a Assembléia Legislativa estiver realmente querendo fazer uma CPI pra valer, terá que ouvir empreiteiros. Aí mora um perigo enorme, porque eles certamente vão delatar ex-secretários, ex-parlamentares, parlamentares atuais, membros de diversos escalões e setores da gestão pública estadual. Por outro lado, se a Assembléia Legislativa quiser brincar de CPI pensando apenas em efeitos de mídia, pode se ferrar, porque a população vai olhar em profundidade pra lá. Mais uma coisa: a Assembléia Legislativa terá que cortar na própria carne, porque tem parlamentares com mandato atolados até o pescoço em manobras impublicáveis nesse rolo das obras da Copa.
Penso que uma pessoa e uma entidade terão realmente a ganhar com uma CPI das Obras da Copa, séria e isenta: a gestão atual do governo estadual, que vai tirar o bode da sua sala. E o ex-governador Silval Barbosa que será excomungado ou absolvido de vez e sai desse inferno astral. Mas penso, também, que o maior perdedor será mesmo a própria Assembléia Legislativa, se conduzir a CPI do mesmo modo como tem conduzido todas que criou e encerrou de qualquer jeito, deixando as feridas abertas.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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