A comitiva de senadores que foi
hostilizada em visita à Venezuela na
semana passada anunciou na sexta-
-feira uma série de ações nos campos
político, legislativo e judiciário visando
excluir o país vizinho do Mercosul.
Eles também querem responsabilizar
o governo brasileiro por, segundo
afirmam, ter sido conivente com “uma
arapuca” montada pelo governo de
Nicolás Maduro.
O grupo de oito senadores foi cercado
por manifestantes ao chegar em
Caracas, na quinta-feira. Eles tiveram a
liberdade de trânsito cerceada e retornaram
ao Brasil sem cumprir a agenda
pretendida.
O objetivo era visitar opositores
de Maduro que estão presos, entre
eles Leopoldo López (líder de protestos
de rua), Daniel Ceballos (ex-prefeito
de San Cristóbal) e Antonio Ledezma
(ex-prefeito de Caracas).
Entre as medidas, os senadores anunciaram
para esta semana a formaliza-
ção de uma ação por descumprimento
de preceito fundamental (ADPF) no
Supremo Tribunal Federal (STF) contra
a presidente Dilma Rousseff.
Eles
alegam que a Presidência da República
descumpre a lei brasileira ao não fiscalizar
o cumprimento da Cláusula
de Ushuaia no Tratado do Mercosul.
A regra determina que apenas nações
democráticas integrem o Mercosul.
— A Venezuela hoje é um país com
imprensa cerceada, Judiciário submisso
e onde opositores podem ser presos
ou mortos — disse o presidente da Comissão
de Relações Exteriores (CRE),
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
O senador anunciou, com o líder do
PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), que
a CRE convocará o chanceler Mauro
Vieira e o embaixador em Caracas,
Rui Pereira, para esclarecimentos. De
acordo com informações que receberam,
o chanceler teria confirmado que
os diplomatas não acompanharam a
comitiva em Caracas por determinação
do governo brasileiro.
— Os diplomatas ficaram constrangidos,
sumiram pouco antes de
entrarmos na van — revelou Aloysio.
O grupo também apoiará uma PEC
do deputado Raul Jungmann (PPSPE)
que prevê que o Congresso terá o
poder de rever acordos internacionais
assinados pelo Brasil, em relação à
cláusula democrática. Os parlamentares
criticaram uma outra comissão
criada na quinta-feira no Senado que
também visitará a Venezuela e que é
formada, entre outros, por Vanessa
Grazziotin (PCdoB-AM), Randolfe Rodrigues
(PSOL-AP), Roberto Requião
(PMDB-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ).
— São porta-vozes do Marco Aurélio
Garcia (assessor da Presidência da
República), sem qualquer representatividade
na sociedade brasileira — disse
Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Para Aécio Neves (PSDB-MG), “ficou
claro que a Venezuela passa por um
regime de exceção”.
Assessoria
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