Nesta semana que passou escrevi três artigos propositalmente provocantes pra sentir a reação dos leitores: “O papa e Dalai Lama”, “Prisão não educa”, e “Sexualidade, eis a questão”. A resposta dos leitores através de e-mails, comentários no Facebook e nos próprios artigos foi completamente diversa. Alguns contra, outros a favor, a maioria indiferente.
Essa indiferença tem me preocupado muito. Antes desses, um na semana anterior sobre “Suicídio e morte”, gerou boa polêmica e pude perceber que a sociedade é bem tolerante à morte pelo suicídio, ao contrário de antes quando ele era sumariamente condenado. Percebi pessoas tolerantes e generosas com as que morrem pelo suicídio. Mas no geral, percebo uma imensa indiferença sobre quase todos os assuntos. Em economia e política, então, é um desastre.
Os artigos sobre economia e política quase sempre são negativos porque refletem a decadência do sistema político brasileiro e os de economia retratam um país descendo a ladeira até não se sabe quando. As pessoas preferem ficar alheias e não se chatearem mais. Ao redor delas mesmas, tudo está decadente. A idéia que o leitor comum faz da política passa pela corrupção primeiro, pela ineficiência depois e encerra na desconfiança. Nada a favor, neste momento! O retrato vem de cima. A forte decepção que o Partido dos Trabalhadores causou no imaginário popular em todas as classes sociais atinge a todas as pessoas pela controvertida gestão no governo federal.
A economia está na casa de todos nós. Nesta semana jantei com empresários e os relatos são abrangentes da crise econômica. Queixas em todos os setores econômicos.
Por conta disso, tenho testado temas fora desses dois eixos, na esperança de captar a percepção dos leitores. Confesso não ter conseguido. As pessoas lêem e guardam pra si as reflexões. Isso é perigoso porque a panela de pressão acumula vapor e a válvula está fechada na medida do silêncio geral.
Confesso que não sei exatamente por onde caminhar nos próximos artigos e nos próximos meses. Nesses 25 anos em que escrevo artigos já percebi que o silêncio é profundamente indicativo de ansiedades sociais. Alguns temas geram um silêncio pesado, mas indicador de desagrado. Neste momento isto está muito claro. Algo muito pesado paira sobre a cabeça de todas as pessoas na forma de um silêncio grave!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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