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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

"CPI do BNDES convoca Eike Batista e rejeita convocação de donos do JBS/Friboi"

Ex-presidente da empresa Camargo Corrêa também foi convocado. Ainda não foram marcadas as datas para os depoimentos.
Luis Macedo
Reunião Deliberativa
Deputados da CPI do BNDES acusaram outros integrantes do colegiado de manobra regimental para evitar a convocação dos controladores do grupo JBS/Friboi, em razão de supostos financiamentos de campanhas eleitorais

Em uma sessão marcada por bate-bocas e discussões entre os deputados, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES aprovou, nesta quarta-feira (9), a convocação do empresário Eike Batista, do ex-presidente da construtora Camargo Correa, Dalton Avancini, e rejeitou a convocação dos empresários Wesley e Joesley Batista, controladores do grupo JBS/Friboi. Ainda não foram marcadas as datas para os depoimentos dos convocados.

A rejeição da convocação de Wesley e Joesley Batista provocou discussão entre os parlamentares. A convocação foi rejeitada por 15 votos a nove. “A não convocação é a negação da CPI”, disse o deputado Carlos Melles (DEM-MG), um dos autores do requerimento. O deputado relacionou o resultado a financiamento de campanhas eleitorais feito pela JBS.

Manobra
O deputado Bebeto (PSB-MG) disse que foi feita uma manobra regimental para proteger os empresários. “Não entendo que manobra regimental é essa que está sendo feita para impedir a convocação dos empresários”, disse Bebeto.

O deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) disse que não tem qualquer relação com o grupo JBS e criticou a análise. “Ele está generalizando”, disse.
“É vergonhoso para a CPI não convocar os donos da Friboi. Depois [os integrantes da CPI] ficam irritados com a suspeição por conta do financiamento de campanha. Que isenção terá quem foi financiado pela Friboi? É preferível encerrar a CPI se empresários já investigados em várias instâncias não forem convocados”, disse o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA).
O deputado Delegado Edson Moreira (PTN-MG) disse que a convocação dos irmãos Batista é precipitada.
Em setembro, o BNDES foi obrigado pelo Supremo Tribunal Federal a disponibilizar todas as informações referentes aos empréstimos feitos ao grupo JBS/Friboi, que totalizam mais de R$ 8 bilhões, para uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).
O pedido de informações tinha sido feito pela Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados.
Outro Batista
Já a convocação de Eike Batista foi aprovada de maneira simbólica, por unanimidade. O empresário é processado por crimes contra o mercado financeiro, manipulação do mercado e uso de informação privilegiada com possível prejuízo aos investidores na venda de ações da OGX (hoje OGPar).

Em agosto, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, informou que os empréstimos do banco efetivamente contratados pelas empresas de Eike Batista somaram em torno de R$ 6 bilhões – de um total de R$ 10,4 bilhões aprovados pela instituição.
À CPI, Coutinho afirmou que o banco não teve prejuízos com os empréstimos. Em junho, em entrevista a um programa de TV, Batista disse que pagou todas as suas dívidas com o banco.
Os requerimentos pedindo a convocação de Eike Batista foram apresentados pelos deputados Carlos Melles, Sérgio Vidigal (PDT-ES) e Arnaldo Jordy.
Angola
A CPI também aprovou a convocação de Taiguara Rodrigues dos Santos, apontado como proprietário da empresa de engenharia Exergia Brasil, contratada pela Odebrecht para trabalhar na obra de ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, em Angola.

Segundo o deputado Arnaldo Jordy, autor do requerimento de convocação, Taiguara seria “ex-cunhado do ex-presidente Lula”. “Ele está envolvido em obras financiadas pelo BNDES”, disse.
A votação foi simbólica e provocou protestos de deputados aliados do governo. O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) protestou contra o resultado. “A maioria do plenário não decidiu isso”, disse. “Se vocês dormiram no ponto, o problema é de vocês. Matéria vencida”, disse o presidente da comissão, deputado Marcos Rotta (PMDB-AM).
Belo Monte
Outro convocado que também rendeu bate-boca na comissão foi o executivo Dalton Avancini, ex-presidente da construtora Camargo Correa, um dos delatores da Operação Lava Jato.

O deputado Carlos Zarattini foi contra a proposta. “Ele já prestou depoimento à CPI da Petrobras, à Justiça, à Polícia Federal, portanto é totalmente desnecessário convocá-lo para tratar de financiamentos do BNDES”, disse.
Um dos autores do requerimento de convocação, deputado Arnaldo Jordy, rebateu a informação. “O BNDES foi o principal financiador de obras da Camargo Correa, como a hidrelétrica de Belo Monte. É fundamental que ele venha”, disse.
Avancini, em depoimento à CPI da Petrobras, confirmou que a empreiteira pagou R$ 110 milhões em propina aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque.
Metrô de São Paulo
A CPI também aprovou pedidos de informação sobre contratos para implantação de linhas do metrô de São Paulo (SP), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE) e de Belo Horizonte (MG).Os deputados vão pedir informações sobre licitação e financiamentos. O pedido original, do deputado Carlos Zarattini, abrangia apenas as obras do metrô paulista, mas foi estendido a outras capitais depois de acordo com o PSDB.

Em São Paulo, o BNDES financiou em R$ 2,3 bilhões as obras do metrô.
Reportagem - Antonio Vital
Edição - Newton Araújo

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