Débora Maria da Silva, Vera
Lúcia Gonzaga dos Santos e
Terezinha Maria de Jesus, integrantes
do Grupo Mães de Maio,
contaram à CPI a história do
assassinato de seus filhos por
policiais. Em todos os casos,
segundo os relatos, a execução
foi feita de forma covarde e sem
motivo.
Terezinha, mãe de Eduardo
Jesus Ferreira, morto aos 10 anos
com tiro de fuzil na porta de casa
durante operação policial no
Complexo do Alemão, no Rio,
lamentou a existência de policiais
mal treinados “que entram
na favela para matar inocentes”.
Vera Lúcia relatou que sua
filha Ana Paula Gonzaga dos
Santos, que estava grávida, foi
uma das vítimas da onda de
violência que tomou conta de
São Paulo em 2006, após uma
série de atentados patrocinada
pelo Primeiro Comando da
Capital (PCC). Vera disse que
a investigação da morte de sua
filha foi arquivada e lamentou o
descaso do Estado no combate
a esse tipo de crime.
Após ter enterrado, em 2006,
o filho Edson, Débora Maria da
Silva considera fundamental a
luta para evitar que outros jovens
sejam vitimados pela polícia.
Débora lembrou que, quando
um homicídio é cometido por
um policial, eles costumam
distorcer as provas do crime.
A assessora de Direitos Humanos
da Anistia Internacional,
Renata Neder, revelou que nos
últimos cinco anos a polícia em
serviço foi responsável por cerca
de 16% de todos os homicídios
praticados no Brasil e lamentou
a quantidade de investigações
em aberto e o quadro chocante
de impunidade nesses crimes.
Ela acrescentou que a constante
ameaça e intimidação às testemunhas
também são fatores que
dificultam a investigação.
— Essa impunidade, além
de ser uma segunda forma de
violência contra as famílias,
é também uma carta branca,
alimenta o ciclo de violência e
da letalidade policial — disse.
Para Renata, a mobilização
de mães, de familiares e da comunidade
é fundamental para
que esses casos não fiquem sob
o manto do auto de resistência,
mas sejam investigados como
um homicídio.
Ela lembrou o caso do menino
Jonathan, de Manguinhos,
Rio de Janeiro. A investigação
só pôde acontecer porque os
familiares se mobilizaram e não
deixaram que o registro fosse
feito como auto de resistência
e o caso foi parar na Divisão de
Homicídios.
A senadora Fátima Bezerra
elogiou as participantes do debate
pela coragem de exporem suas
dores e indignações à comissão.
SECOM/SENADO
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