Em pronunciamento na Assembleia Geral das Nações Unidas, Obama chama Assad de "tirano". Putin, por sua vez, defende que regime sírio é o único que "verdadeiramente" combate o EI e precisa de apoio.
O
presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente americano, Barack Obama,
divergiram nesta segunda-feira (28/09) sobre o conflito na Síria em seus
discursos na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Enquanto Obama chamou
Bashar al-Assad de "tirano", Putin disse que é um erro não oferecer
suporte ao regime do presidente sírio.
Os
Estados Unidos querem que a Rússia pare de enviar equipamentos militares às
forças de Assad e reconheça a necessidade de uma transição política em Damasco.
"Lembremo-nos
de como isso começou. Assad reagiu a protestos pacíficos com violência, numa
escalada de repressão e assassinatos que criou o ambiente para o conflito
atual", afirmou Obama.
"Quando
um ditador mata dezenas de milhares de seu próprio povo não se trata de um
assunto interno, afeta a todos nós", disse antes de criticar as ações do
grupo extremista "Estado Islâmico" (EI). "Da mesma maneira,
quando um grupo terrorista decapita reféns, dizima inocentes e escraviza
mulheres, isso é um ataque à humanidade", disse.
Obama
afirmou que Washington está disposta a trabalhar junto com a Rússia e até com o
Irã para combater o EI e solucionar o conflito na Síria, mas criticou o apoio
dos dois países ao regime Assad, que chamou de um "tirano" assassino
de crianças.
Moscou
argumenta que o envio de equipamentos militares russos a Assad tem o objetivo
de combater os jihadistas, sob críticas da comunidade internacional. Segundo
Putin, o regime de Assad é o único que está "verdadeiramente
combatendo" o EI.
"Pensamos
que é um grande erro não cooperar com o governo sírio e suas forças que estão
confrontando o terrorismo", afirmou, pedindo uma "vasta
coalizão" para lutar contra o EI na Síria.
Putin
criticou os que dizem que o crescente envolvimento militar da Rússia na Síria
está relacionado a "ambições globais de Moscou", ao ressaltar que a
Rússia "não pode mais tolerar o estado atual das coisas no mundo."
Obama
também afirmou que a ONU não pode tolerar que a Rússia viole a soberania da
Ucrânia e denunciou a agressão de Moscou no leste do país, onde forças do
governo de Kieve combatem separatistas pró-Rússia. Obama, no entanto, ressaltou
que não quer um "retorno a uma guerra fria", pedindo que a Rússia
resolva a crise de forma diplomática.
Moscou
tem sofrido sanções por parte dos EUA desde a anexação da região ucraniana da
Crimeia ao território russo, no ano passado.
Reunião
paralela
Putin
e Obama se reuniram por cerca de uma hora e meia depois de discursarem na
Assembleia Geral das Nações Unidas. Eles concondaram que os militares dos dois
países mantenham contato para evitar algum tipo de acidente ou conflito durante
as operações na Síria.
Em
entrevista a jornalistas, Putin afirmou que não descarta promover ataques
aéreos na Síria contra jihadistas do EI em apoio às forças do regime de Assad.
"Não
descartamos nada. Mas se agirmos será respeitando integralmente todas as normas
internacionais", disse. Segundo Putin, qualquer ação teria que ser
autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU ou solicitada pelo governo sírio.
"Estamos
pensando em como ainda podemos ajudar as tropas sírias", afirmou. "Em
termos de tropas terrestres, não pode haver nenhuma conversa sobre um
envolvimento russo."
Putin
e Obama aceitaram procurar opções para uma solução do conflito sírio, mas não
chegaram a um consenso sobre o destino de Assad. Putin afirmou que a decisão
cabe ao povo sírio, "não a Obama ou Hollande".
KG/dpa/rtr/ap/afp
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