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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

"ARTIGO : Brasil subterrâneo"

Esse ambiente de terra arrasada que atinge todo o Brasil, no dizer dos mineiros mais sábios, “é ruim, mas é bom”.  É ruim porque os 225 milhões de brasileiros assistem o país derreter: instituições públicas importantes como o Congresso Nacional, tribunais superiores como o Supremo presa de ideologias, as universidades adormecidas, setores decisivos como a educação, a saúde e  a segurança completamente sucateados. Aí vieram à tona velhos fantasmas do passado como a inflação vencida no final da década de 1990, a subida irresponsável dos juros, as contas públicas destruídas por má gestão nua e crua.
            Pois bem. Ainda que o Congresso Nacional e os partidos políticos não percebam ou fingem não perceber o desastre, a sociedade percebeu e sente na carne. Por mais que o mundo político a gestão pública do governo brasileiro tentem fingir que não vêem o desastre, ele está aí. Andar nas ruas, ser atendido nos hospitais públicos e ver a educação destruída está na realidade de todos os brasileiros. Quanto mais o mundo político se abstrair dessa realidade, pior será lá na frente.

            Numa recente palestra que assisti foi bastante discutida essa postura da sociedade que não é capaz de reagir no momento da crise, mas nem por isso deixa de senti-la. Aquele estado de espírito que o psicanalista suíço, Carl Yung, chamou de inconsciente coletivo, está atento e registrando ao seu modo a crise. Nessa palestra foi levantada uma tese que adotei como uma verdade que vai crescer cada vez mais: dentro da crise está nascendo um Brasil subterrâneo.
            O que seria esse Brasil subterrâneo? Perguntaria o leitor. É uma onda inconsciente de indignação que vai crescer até um limite impensável. As denúncias de corrupção governamental e política e a ineficiência dos governos, estão criando mesmo uma onda de insatisfação. Nas universidades públicas os jovens não enxergam nos velhos professores esquerdistas a inspiração que esperam para as suas carreiras profissionais. O mesmo se aplica a tudo o mais.
            A conclusão que fica é de que quanto mais tempo o mundo político e governamental demorar pra entender o Brasil subterrâneo maior será o tombo!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
ribeiro.onofre@gmail.com    www.onofreribeiro.com.br

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