Ministério Público do Estado de Mato Grosso

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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

"Brasil pode se beneficiar com fim de sanções ao Irã"

Devido a proximidade política, Brasil deverá pelo menos dobrar a venda de commodities aos iranianos. Por outro lado, entrada do país no mercado de petróleo já força queda do preço do barril e pode prejudicar Petrobras.
A suspensão das sanções das potências internacionais ao Irã, anunciada neste sábado (16/01), vai beneficiar as exportações de commodities brasileiras para o país asiático. De acordo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o país deverá pelo menos dobrar a venda dos principais produtos – como milho, carne bovina, soja, farelo de soja e açúcar – aos iranianos.
"A tendência é que teremos basicamente lados positivos com a queda das sanções. Durante muitos anos, por conta delas, muitas ou a maioria das operações deixaram de ser realizadas e, assim, o Brasil vendeu um volume pequeno", afirmou José Augusto de Castro, presidente da AEB.
O comércio entre os dois países registrava um crescimento progressivo até 2011/2012, quando chegou a ultrapassar 2 bilhões de dólares por ano, mas foi reduzido em quase 50% como resultado das sanções internacionais. O intercâmbio comercial com o Irã caiu de 2,3 bilhões de dólares para 1,4 bilhão de dólares entre 2011 e 2014, devido, principalmente, à queda das exportações brasileiras ao país.
Devido às restrições impostas pelas potências mundiais, os bancos não aceitavam realizar financiamentos e pagamentos de transações comerciais entre os dois países, o que dificultava o acesso de exportadores brasileiros a um mercado com cerca de 80 milhões de consumidores e considerado de bom poder aquisitivo.
Produtos do agronegócio representam mais de 98% da pauta de exportação do Brasil ao país. Na esteira das sanções, a venda de carne bovina brasileira para os iranianos chegou a cair cerca de 70% nos últimos três anos. No último ano, o Brasil vendeu 1,6 bilhão de dólares em produtos aos iranianos, comprando apenas 3,3 milhões de dólares.
Por outro lado, a retomada das exportações de petróleo por Teerã deverá prejudicar indiretamente o Brasil. Nesta segunda-feira, devido a temores de um possível excesso de oferta, o preço do barril chegou a ser comercializado na Ásia por menos de 28 dólares. Estima-se que o país tenha um grande estoque de petróleo e que poderá disponibilizar quase 500 mil barris/dia ao mercado internacional.
"Na medida em que o Irã é um grande produtor, a entrada de mais um competidor deve fazer com que o preço do petróleo caia ainda mais", afirma Márcio Coimbra, coordenador do MBA de Relações Institucionais do Ibmec/DF. "Sabemos que a desvalorização do produto afeta, neste momento, sobremaneira a Petrobras, que já enfrenta enorme desvalorização diante dos casos de corrupção expostos pela Operação Lava Jato."
Produtos como soja podem ganhar espaço com fim das sanções

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