“Onde estiver a liberdade, aí está minha pátria” foi uma frase que me encantou desde a primeira leitura, pelo conteúdo inspirado e pela autoridade do autor, nada menos do que Benjamin Franklin, um dos Pais Fundadores da Pátria, como os americanos definem os líderes da independência de 1776 e da Constituinte de 1787. Mas o melhor estava por vir: “Onde não estiver a liberdade, aí está minha pátria”, de bate-pronto disse o inglês Thomas Paine, jovem panfletário que atravessara o Atlântico para se unir aos rebeldes no combate ao jugo colonial, e que se tornou o grande propagandista da causa libertária. A comparação não torna excludentes as duas circunstâncias, mas há uma clara hierarquia entre festejar a liberdade e conquistá-la, construindo-a. Além da precedência, os construtores são, naturalmente, em número menor, e são geralmente sofridos. Foi por isso que, ao ler as duas frases, a sequência me remeteu aos tempos iniciais do MDB, hoje PMDB, cinquentão aniversariante deste 24 de março.
Esse partido tornou-se o partido da liberdade quando esta não existia. Fez-se o partido da democracia quando ela estava proibida. Foi o partido de todos os que resistiam ao arbítrio, acolhendo-os sem distinção de qualquer espécie.
Cumprida a tarefa histórica de sepultar o regime militar no sepulcro por ele criado — o colégio eleitoral — não faltou quem, já livre para seguir outros caminhos, decretasse artificialmente o fim do PMDB, o esgotamento do modelo partidário amplo e unificador. Os fatos demonstraram o contrário, que não era, nem é, o tempo dos partidos sectários e estreitos.
A comparação histórica e longeva me inspira uma outra, a de confrontar aquele tempo com os dias que vivemos hoje, porque novamente é impositiva a tarefa de uma liderança majoritária da sociedade brasileira para a superação de uma crise — que não é das instituições, mas pode ameaçá-las pela incerteza dos caminhos, pela ineficácia da máquina pública e pela incapacidade propositiva da autoridade responsável pela definição dos rumos da economia e da administração.
Como esta é uma hora de incerteza e um momento de risco, é novamente o tempo de convocar, para servir o Brasil, o partido que cumpriu o papel histórico de coveiro da ditadura e parteiro da redemocratização. O tempo do PMDB.
Ibsen Pinheiro Presidente do PMDB-RS
Artigo publicado no jornal Zero Hora – Coluna Opinião
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