
"Se o impeachment for feito em desconformidade com a Constituição e sem o devido processo legal, aí o impeachment é golpe", disse Cardozo.
O ministro lembrou que as contas do governo federal precisam ser analisadas pelo Tribunal de Contas de União (TCU) e depois serem submetidas à avaliação do Congresso, e isso ainda não ocorreu em relação ao ano referente à acusação no processo de afastamento de Dilma.
"Essa precipitação e açodamento de fazer o impeachment sem antes julgar as contas é evidente caracterização de um desejo puramente político do afastamento da presidente, o que é inaceitável no presidencialismo. É próprio do parlamentarismo, mas inaceitável no presidencialismo", afirmou Cardozo.
Decretos e "pedaladas"
A defesa técnica da presidente foi feita pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, que se concentrou em rebater os dados que embasaram a denúncia. Barbosa negou irregularidades nos decretos de suplementação orçamentária e nas chamadas "pedaladas fiscais", manobras caracterizadas pelo atraso no repasse de recursos a bancos públicos para pagamentos de programas do governo.
O ministro argumentou que a emissão desses decretos está de acordo com a lei orçamentária anual e garantiu que esse mecanismo não cria despesas extras, mas apenas as reorganiza em função das receitas. Sobre as "pedaladas" citadas no processo – o atraso de pagamentos ao Banco do Brasil relacionados ao Plano Safra –, Barbosa negou que tenham acontecido e ressaltou que não se tratou de um ato da presidente.
O ministro acrescentou ainda que o Congresso aprovou a revisão da meta fiscal. "Onde esta a irregularidade? A meta fiscal foi cumprida. Os parlamentares a alteraram, e a meta foi cumprida", lembrou.
"Subvenção não é empréstimo"
Além de Cardozo e Barbosa, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, também participou da defesa de Dilma. Abreu focou sua argumentação na acusação sobre as "pedaladas fiscais" e afirmou que subvenção agrícola não pode ser comparada a um empréstimo.
Os autores do pedido de impeachment argumentam que as "pedaladas fiscais" seriam empréstimos de bancos públicos à União, o que é vedado pela lei.
"Operação de crédito é o que o produtor assume com o banco. Não há deslocamento de dinheiro do banco para o Tesouro. O banco desloca para o produtor, e o Tesouro desloca para o banco", afirmou Abreu, detalhando os recursos e fontes de crédito relativos ao Plano Safra.
"Eu apoio a presidente Dilma pela reciprocidade que ela deu à agricultura brasileira nos últimos cinco anos. Acredito na idoneidade e na honestidade da presidente", ressaltou Abreu.
A argumentação da defesa da presidente seguiu a mesma linha da apresentada na Câmara dos Deputados.
CN/rtr/abr
DW.COM
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