
"A língua latina e a grega colocam diante dos nossos olhos um grande tesouro de monumentos clássicos", escreveram Jacob e Wilhelm Grimm na introdução de seu famoso Deutsches Wörterbuch (Dicionário Alemão). Muitas referências greco-latinas foram extraídas diretamente da literatura.
Isso se aplica, por exemplo, a Eulen nach Athen tragen, uma expressão usada por Aristófanes. "Levar corujas para Atenas" significa fazer algo supérfluo. Em Atenas, as corujas – atributo da deusa protetora da cidade, Atena – viviam em grande número nas encostas da Acrópole, de modo que levar mais corujas ainda para Atenas...
Espanhol para estranho, francês para luxuoso
O "suplício de Tântalo", em alemão Tantalusqualen, por exemplo, remete à Odisseia de Homero. Tântalo, rei da Frígia, que serviu aos deuses a carne de seu próprio filho para testar a onisciência divina, foi castigado com o suplício da sede. No reino dos mortos, ele vivia com água até o pescoço, mas quando baixava a cabeça para beber, a água escoava.
Além das referências à Antiguidade, há outras na língua alemã que revelam as relações de vizinhança com países europeus. A expressão "isso para mim é grego", no sentido de "isso eu não entendo", corresponderia em alemão a mir kommt das Spanisch vor, ou seja, "isso me parece espanhol", no sentido de "isso é estranho, esquisito".
Algumas expressões têm diferentes interpretações. Wie Gott in Frankreich leben ("Viver como Deus na França"), isto é, viver no luxo e simplesmente aproveitar a vida, poderia ser considerado um mero reconhecimento do savoir vivre francês. No entanto, há quem confira a esta expressão uma explicação histórica.
Abuso do politicamente correto
Algumas expressões costumam receber interpretações erradas. Por exemplo: etwas türken, um verbo inventado a partir do substantivo Türke, "turco". Türken significa "dissimular, falsificar". Muitas vezes esta palavra é remetida às hostilidades entre europeus e turcos durante o Império Otomano. E costuma ser riscada do vocabulário politicamente correto.
A máquina pensante foi denominada por ele "O Turco", pois a enorme caixa com um tabuleiro de xadrez também incluía – como parceiro de jogo – um boneco com uma suntuosa veste otomana.
Segundo Kempelen, o segredo de sua máquina pensante seria uma complexa engrenagem interna. Mas o que havia no interior da caixa, na verdade, era uma pessoa que respondia aos lances do parceiro às escondidas.
Talvez a expressão tenha entrado com facilidade para a língua pelo fato de seu primeiro comprador ter sido ninguém menos do que Frederico, o Grande, rei da Prússia, que não demorou a perceber o engodo.
DW.COM
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