
Até serem dominados, os golpistas ocuparam o aeroporto internacional Atatürk; fecharam uma ponte sobre o Estreito do Bósforo, em Istambul; enviaram tanques e helicópteros de combate e para controlar os principais nós rodoviários; além de lançarem bombas no Parlamento em Ancara, durante uma sessão, e ocuparem a TV estatal TNT, de onde transmitiram um comunicado declarando toque de recolher e lei marcial por todo o território."Eles bombardearam os locais de onde eu saíra"

Acusando os conspiradores de tentarem assassiná-lo, o chefe de Estado lançou uma devassa das Forças Armadas turcas. "Eles vão pagar um preço alto por isso. Esse levante é um presente de Deus, porque será o motivo para limparmos o nosso Exército", prometeu.
Declarando a situação sob controle, fontes governamentais informaram que haviam sido detidos 2.839 golpistas, desde soldados rasos a oficiais de alta patente, incluindo aqueles que formaram a "espinha dorsal" da rebelião. A emissora turca NTV noticiou que também se realizara uma "limpa" do Judiciário, com 2.745 juízes afastados do cargo.
De acordo com o ministro do Exterior Mevlüt Cavusoglu, estariam envolvidos no golpe soldados da base aérea Incirlik, utilizada pelos Estados Unidos para lançar ofensivas contra alvos da organização jihadista "Estado Islâmico" (EI) na Síria. Assim, a base teve suas atividades suspensas neste sábado, com corte de energia e circulação restrita.

Em conexão de vídeo exibida às câmeras no smartphone de um repórter da CNN turca, o chefe de Estado se dirigiu à nação neste sábado: segundo ele, "a estrutura paralela" estaria por trás da tentativa.
Esse é o código de Erdogan para se referir aos adeptos de Fethullah Gülen. O clérigo islâmico moderado, que vive em exílio autoimposto nos Estados Unidos, é o principal adversário do líder conservador, depois de tê-lo apoiado, inicialmente. Desde então, ele tem sido repetidamente acusado de tentar fomentar um levante nas forças militares, mídia e judiciário da Turquia.
Em comunicado, entretanto, Gülen condenou a tentativa de golpe e se eximiu de qualquer participação. "Como alguém que sofreu sob múltiplos golpes militares durante as últimas cinco décadas, é especialmente ofensivo ser acusado de ter qualquer ligação com tal tentativa. Eu rechaço categoricamente essas acusações", rebateu. Não obstante, Erdogan promete que pedirá sua extradição.
Odiado e amado por muitos
Há muito o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), de Erdogan, mantém relações tensas com as Forças Armadas, as quais têm um histórico de golpes armados em defesa do secularismo. No entanto, a última vez em que os militares tomaram o poder efetivamente foi em 1980.
A visão conservadora-religiosa do presidente para o futuro da Turquia igualmente desagrada a muitos cidadãos comuns, que se ressentem de seu autoritarismo. Suas investidas contra a liberdade de imprensa e expressão têm despertado numerosos protestos internacionais.
Ainda assim, Erdogan igualmente suscita a admiração e lealdade de milhões de turcos. A ele atribuem-se uma melhoria do padrão de vida e o restabelecimento da ordem numa economia tradicionalmente abalada por crises sucessivas. No primeiro trimestre de 2016, a Turquia alcançou um crescimento econômico de 4,8% em relação ao ano anterior.
AV/rtr/ap/afp/dpa
DW
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