
Já na Itália, na Espanha e em Portugal, optou-se por ancorar a representação no compromisso programático dos partidos. O eleitor vota nas legendas e não nos candidatos. Por sua vez, o partido organiza uma lista preordenada e, definido o número de cadeiras que cabe à legenda, são eleitos os primeiros da lista. Também é um sistema mais barato, já que as campanhas são coletivas. Fortalece os partidos e permite o controle social não individualizado.
O voto distrital misto, vigente na Alemanha, na Coreia do Sul e no Japão, procura combinar as vantagens e atenuar os problemas dos dois sistemas clássicos.
Cresceu, nas últimas semanas, a ideia de implantação transitória, em 2018, no Brasil, do voto em lista partidária preordenada, como ponte para o distrital misto em 2022.
Parece-me que, nesse caso, o rabo está abanando o cachorro. O problema é real, sem dúvida. Mas, em vez de definirmos o melhor sistema e daí verificarmos quanto custa e como financiá-lo, percorremos o caminho inverso. Já que, após a Lava Jato, não haverá doações empresariais e não há tradição de doação de pessoas físicas; com financiamento público só é possível a lista fechada.
Apesar de abstratamente não ter resistência a esse sistema, já testado em democracias avançadas, no concreto acho inoportuna sua introdução agora por quatro motivos: não há um quadro partidário denso, sólido e confiável; não há tradição de democracia interna nos partidos para dar tranquilidade em relação à possibilidade de renovação e vedar o “caciquismo”; o cidadão brasileiro gosta de votar na pessoa, e não em partidos; e, por último, há a impressão inevitável de que as lideranças partidárias, diante da crise, querem esconder-se atrás da lista.
Não será fácil. Temos apenas seis meses. Talvez seja melhor apenas proibir as coligações proporcionais, implantar uma cláusula de desempenho nacional para acesso ao Congresso e aprimorar a regra de financiamento. A definição de sistema ficaria para um momento melhor.
Marcus Pestana é deputado federal pelo PSDB-MG. Artigo publicado no jornal “O Tempo” em 10/4
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