
A outra força que torna “Joaquim” grande é o modo sutil como o diretor Marcelo Gomes capta as mazelas da colonização e suas consequências para a realidade do Brasil de hoje. “Era impressionante como eu via as fraturas sociais do colonialismo estarem, de uma forma ou de outra, reproduzidas e redimensionadas na sociedade brasileira atual”, afirmou o diretor. Talvez resida aí a razão de o filme ter sido selecionado para a mostra competitiva do Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro. Mesmo sem ter conquistado o Urso de Ouro na Berlinale, “Joaquim” mereceu elogios da crítica internacional. Por seu ritmo lento e com uma narrativa quase existencialista, o filme tende a agradar mais os cinéfilos do que o grande público.Na trama, que combina ficção e realidade, a “Colônia dos Brasis” enfrenta a decadência do ciclo de exploração do ouro. Joaquim, militar nascido no Brasil cujo cargo exige capturar contrabandistas do minério, sonha com uma promoção a tenente.
Quando é designado para prospectar novas minas no território conhecido como Sertão Proibido, ele vê a chance de enriquecer. Sua obstinação é formar uma tropa e encontrar Preta (Isabél Zuaa), escrava que fugira após matar uma autoridade portuguesa. Sua expedição resume a sociedade da época: há um português, um brasileiro, um índio e um escravo.

Marcelo Gomes, diretor de “Joaquim”
Celso Masson
Edicão nº 2470
Istoé
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