SANEAR. SERVIÇO DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE RONDONÓPOLIS

SANEAR. SERVIÇO DE SANEAMENTO AMBIENTAL DE RONDONÓPOLIS
Rua Dom Pedro II, Nº 1210, Caixa D'água Centro/ROO

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
Av. André Maggi nº 6, Centro Político Administrativo

domingo, 16 de abril de 2017

"As razões do mártir"

As razões do mártirAo retratar a intimidade de Tiradentes, “Joaquim” evita clichês sobre heroísmo e mostra a transformação do alferes em figura central da luta pela independência do Brasil.Duas forças se somam em “Joaquim” para tornar o filme bem mais que um retrato heroico da figura de Tiradentes. A primeira é a complexidade do protagonista. Em sua jornada de conhecimento, o alferes da Guarda Real abandona a aspiração ao cargo de tenente para se tornar um rebelde dedicado à luta contra o domínio colonial português. Como o filme mostra já na impactante cena de abertura, a causa libertária faria dele um mártir, condenado e esquartejado por traição à Coroa. Sua tomada de consciência política é excepcionalmente interpretada pelo ator Julio Machado, uma das grandes surpresas do filme que entra em cartaz nos cinemas brasileiros na quinta-feira 20.

A outra força que torna “Joaquim” grande é o modo sutil como o diretor Marcelo Gomes capta as mazelas da colonização e suas consequências para a realidade do Brasil de hoje. “Era impressionante como eu via as fraturas sociais do colonialismo estarem, de uma forma ou de outra, reproduzidas e redimensionadas na sociedade brasileira atual”, afirmou o diretor. Talvez resida aí a razão de o filme ter sido selecionado para a mostra competitiva do Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro. Mesmo sem ter conquistado o Urso de Ouro na Berlinale, “Joaquim” mereceu elogios da crítica internacional. Por seu ritmo lento e com uma narrativa quase existencialista, o filme tende a agradar mais os cinéfilos do que o grande público.Na trama, que combina ficção e realidade, a “Colônia dos Brasis” enfrenta a decadência do ciclo de exploração do ouro. Joaquim, militar nascido no Brasil cujo cargo exige capturar contrabandistas do minério, sonha com uma promoção a tenente.

Quando é designado para prospectar novas minas no território conhecido como Sertão Proibido, ele vê a chance de enriquecer. Sua obstinação é formar uma tropa e encontrar Preta (Isabél Zuaa), escrava que fugira após matar uma autoridade portuguesa. Sua expedição resume a sociedade da época: há um português, um brasileiro, um índio e um escravo.

“As fraturas sociais do colonialismo estão reproduzidas e redimensionadas no Brasil atual” Marcelo Gomes, diretor de “Joaquim” Cada um tem sua visão própria da empreitada e da condição em que vive. Mas é o alferes quem regressa mudado. Ele decide reagir contra a autoritária e corrupta dominação portuguesa. Sua mente tão inquieta quanto porosa é preenchida com as ideias que haviam levado à independência dos Estados Unidos. Um poeta o abastece com livros que o levam a crer numa sociedade livre e igualitária, da qual ele passa a ser uma espécie de mensageiro. Como é sabido, seu sonho de independência terminou em decapitação.

 Marcelo Gomes, diretor de “Joaquim”

Celso Masson
Edicão nº 2470
Istoé

Nenhum comentário:

Postar um comentário