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quarta-feira, 12 de abril de 2017

"Carne Forte: Senador de MT defende combate aos mercados protecionistas"

Audiência no Senado reúne representantes de entidades da Medicina Veterinária. Após mais de duas horas de debates com entidades representativas da Medicina Veterinária, o senador Wellington Fagundes (PR-MT), defendeu a necessidade de o Brasil “combater as políticas protecionistas de alguns países” em relação a carne brasileira. A proposta foi lançada durante audiência pública nesta quarta-feira, 12, pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, convocada para tratar da Vigilância Sanitária Brasileira a partir da crise ocorrida na cadeia produtiva de proteína Animal.
Autor do pedido de audiência, Wellington disse que está particularmente convencido de que o Brasil dispõe de um padrão sanitário dos mais modernos e avançados do mundo. Segundo ele, a crise da carne a partir da operação deflagrada pela Polícia Federal deu a oportunidade “de mostrar ao mundo” a qualidade da carne produzida para consumo interno e para exportação.
Diante dessa constatação, o senador de Mato Grosso disse que é possível determinar que muitos dos mercados não explorados no mundo pela carne brasileira “se deve, sobretudo, a temática protecionista”. Ele defendeu que o Brasil faça esse enfrentamento.

Um dos pontos discutidos na audiência foi a recomposição funcional do serviço de inspeção federal e a revisão da legislação e de protocolos do setor como forma de evitar abusos e dar maior segurança à produção de origem animal. A inspeção federal tem hoje uma equipe considerada “minúscula”, de apenas 400 inspetores ou auditores para fiscalização em mais de 4.900 estabelecimentos industriais. Nos anos 80, o contingente era de quase cinco mil médicos veterinários, sendo 2.500 na inspeção federal.
Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária (SBMV), Josélio Andrade Moura garantiu que o Brasil não deve nada aos países mais desenvolvidos quanto à vigilância sanitária. Ele avaliou ainda que a PF agiu com “exagero” ao divulgar a Operação Carne Fraca, que desmontou esquema de liberação de licenças e fiscalizações irregulares em frigoríficos.
Moura, no entanto, disse que a principal lição deixada pela ação da PF aponta para a necessidade de fortalecer a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, as estruturas veterinárias, o registro de medicamentos e os insumos usados na agricultura e na pecuária. “Não está havendo reposição da estrutura de inspeção de origem animal, que deve ser leve autônoma flexível e ágil” – disse. Ele alertou que a persistir esse quadro, o Brasil ficará assim, vulnerável à introdução ou à reintrodução de doenças erradicada.
“O Brasil é hoje reconhecidamente o maior produtor de proteína animal, e a concorrência internacional é muito grande. Por isso temos que nos fortalecer internamente, e construir aqui uma situação para dar passos corretos amanhã, com o fortalecimento do Ministério da Agricultura — afirmou.
Representante da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ariel Mendes disse que o Brasil desempenha papel importante na segurança alimentar de mais de uma centena de países — 88% das importações da Arábia Saudita são de produtos brasileiros; da China, são 75%; do Japão, 42%. Mendes disse ser preciso reforçar a comunicação junto ao mercado interno, à imprensa e ao consumidor, com atuação conjunta do governo e do Congresso Nacional, visando a transmissão de uma mensagem de segurança à sociedade e aos países importadores.
Mudanças na Legislação - Para o representante da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Ari Crispim, a legislação sanitária é ultrapassada, baseada em doutrina de inspeção ‘post mortem’ do século 19, que não contempla as etapas anteriores ao abate do animal. “Não estamos preocupados com o que acontece antes da cadeia alimentar” – frisou, ao defender a modernização do sistema.
A revisão da legislação sanitária também foi defendida pelo presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária, Benedito Arruda. Ele também ressaltou que a sociedade deve manter-se atenta à qualidade dos produtos vendidos no mercado.
— É preciso estabelecer uma cultura de que não se pode consumir produtos de origem animal de origem clandestina. Há ali no abate a presença de cães, urubus. Há também o pescado sem inspeção, o leite clandestino — advertiu.

Da assessoria
Foto: Agência Senado

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