Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
Av. André Maggi nº 6, Centro Político Administrativo

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
X SIMPÓSIO SOBRE DISLEXIA DE MATO GROSSO “TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO”

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

"Campanha de prevenção do suicídio destaca que ‘falar’ sobre a temática ‘é a solução’"

PL do Plano Estadual de Combate ao Suicídio em MT aguarda sanção governamental. “Deus me deu uma nova chance para viver”. É assim que a jovem ECBM, de 20 anos, avalia a luta diária travada para lidar com os transtornos psicológicos que, há alguns meses, levaram-na a tentar suicídio. Ela tomou incontáveis comprimidos de ‘tarja preta’ (psicotrópicos) e, após socorro de familiares, se recuperou. De lá para cá, tem se preocupado com a saúde integral. “Estou cuidando de mim mesma”. A jovem está nas estatísticas numa posição mais favorável: a das pessoas que tentaram suicídio e sobreviveram. No entanto, por ano, outras 805 mil, no mundo, não têm a mesma sorte, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. No Brasil, este número está em cerca de 12 mil casos, sendo mais de nove mil homens e quase três mil mulheres. Por causa da incidência, o suicídio foi, em 1990, declarado pela OMS como problema de saúde pública. Diferentemente de um dos mitos – o de que debater sobre o suicídio pode encorajar pessoas a cometê-lo – falar sobre ele é a principal forma de prevenir. Ontem, 10 de setembro, foi o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e o tema da campanha deste ano é “Falar é a solução”. A temática é debatida por todo o mês, conhecido como ‘Setembro Amarelo’, a fim de gerar um ‘alerta social’ para o cuidado daqueles que vêem no ato de desespero uma saída. ECBM foi diagnosticada com transtorno de personalidade borderline (limítrofe) e transtorno de ansiedade generalizada (TAG), ambos provocando nela sentimentos muito ampliados, tornando atividades do cotidiano - desenvolvidas facilmente por pessoas sadias – grandes e assustadores desafios. “Os transtornos atrapalham em tudo que vou fazer. Tenho que controlar, o tempo todo, minhas emoções”, explica. Doenças mentais - A exemplo dos transtornos citados e outros casos mais conhecidos, como o transtorno afetivo bipolar e a depressão, consumo de álcool e outras drogas e mudanças bruscas na vida (como separação de um relacionamento, morte na família e outros processos de perda) são as principais causas de suicídio, segundo o psicólogo da Supervisão de Saúde e Qualidade de Vida (Qualivida) da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Gerson Fabrício. Por esse motivo, segundo o profissional, a tragédia acomete dois principais grupos: os adolescentes e jovens adultos (15 a 29 anos) e os idosos. Para prevenir o ato, é preciso atenção, é necessário saber ouvir. Isso porque quem comete suicídio já manifestou, em algum momento da vida, total desesperança, desespero, profunda depressão e sentimento de desamparo, a chamada ‘regra dos 4D’. É comum ouvir falas como “eu não aguento mais”, “não farei falta”, “assim eu deixarei de atrapalhar a vida dos outros”. O psicólogo convida amigos e familiares a colocar um olhar amoroso e atencioso sobre essas pessoas em momento tão frágil. E, assim, salvar vidas, mostrando a elas que, sim, são importantes, são amadas, farão falta e que a vida pode, sim, ter uma boa perspectiva e um bom futuro. A entrevistada, sobrevivente, percebeu que é muito amada, não quer mais ver o sofrimento da família, sabe que faria muita falta e traçou um completo plano – muitas vezes, questionado pelos que a cercam – para tratar de si. “Eu preciso melhorar, não quero mais passar por isso na vida”. Sentia-se sobrecarregada, trancou a faculdade, fez um tratamento medicamentoso com psiquiatra, tem feito psicoterapia, exercícios físicos, tem buscado a alimentação saudável, está lendo livro de autoajuda. “Estou dando prioridade para a minha saúde psicológica, física, emocional”, conta. Ela tem se sentido muito melhor, não se imagina novamente optando pelo ato desesperado e segue juntando forças. “É uma luta diária, às vezes um pouco menor, às vezes um pouco maior, mas é todo dia”, completa. É importante, portanto, buscar ajuda profissional e amorosa para lidar com os conflitos emocionais e psicológicos. Os amigos e familiares, além de dar apoio, precisam encaminhar para atendimento profissional. Os aflitos que não se sentem à vontade para falar sobre as dores com os mais próximos podem buscar acolhimento no Centro de Valorização à Vida (CVV). Moradores de Cuiabá e Várzea Grande ligam gratuitamente pelo telefone 141. Os demais podem ligar no (65) 3321-4111 ou acessar o site http://www.cvv.org.br. A organização não governamental (ONG) é formada por voluntários, com foco no apoio emocional. A voluntária Nancia Izabel Nunes destaca que o potencial suicida “dá sinais” e é necessário estar atento para direcionar para um tratamento. A ONG atende, gratuitamente, 24 horas por dia.

Diante de um assunto tão complexo e ainda tratado como tabu na sociedade, os profissionais listam algumas dicas para os amigos e familiares ajudarem os indivíduos em momento de dor e desespero:

- Observe mudança de comportamento, como irritabilidade, afastamento social, alteração alimentar (comer muito ou pouco), demonstração de vazio e apatia.

- Dê atenção a falas desesperançadas, como “eu não aguento mais” ou “quero dormir para sempre”.

- Dê abertura para a pessoa pedir ajuda.

- Entenda que a pessoa está manifestando algum transtorno psicológico e emocional, vê o mundo diferentemente de você e está em profundo sofrimento.

- Exerça a empatia (colocar-se no lugar do outro).

- Converse sobre isso. Escute e, amorosamente, aconselhe.

- Evite respostas que invalidem a dor do outro como “você tem tudo”, “pare de pensar bobagem”, “não seja tão negativo”.

- Incentive atividades que promovam bem-estar, como exercícios físicos, cursos de arte, terapias complementares como yoga e meditação.

- Descubra elementos valorosos para o indivíduo em conflito, para lembrar de como são importantes, como religião e família.

- E (o mais importante): oriente que busque ajuda profissional. É fundamental que se insira em tratamento psiquiátrico e psicológico.

Àqueles que vivem a luta diária também podem seguir algumas dicas:

- Fale sobre o que sente. Não tenha medo.

- Busque atividades que goste e desperte alegria.

- Saiba que muitas pessoas o amam, que você é importante e faria muita falta.

- E (o mais importante): busque ajuda profissional. É fundamental que se insira em tratamento psiquiátrico e psicológico.

Plano Estadual de Combate ao Suicídio em Mato Grosso – A Assembleia Legislativa aprovou recentemente e o projeto de lei que “institui o Plano Estadual de Combate ao Suicídio” aguarda sanção governamental, uma série de medidas para prevenir o ato fatal.

O plano prevê promoção de palestras na semana do dia 10 de setembro; exposições que explicitem eventuais sintomas da enfermidade; criação de canais de atendimento direto aos diagnosticados; atividades para o público alvo do programa; e um sistema de coleta de dados integrado.

O objetivo, segundo o autor do Projeto de Lei nº 556/2015, deputado Dr. Leonardo, destaca que “o suicídio é um problema de saúde pública” e que pode ser prevenido, desde que o Estado “propicie o desenvolvimento de políticas públicas e a capacitação no manejo do comportamento suicida”, envolvendo uma equipe de saúde multiprofissional no atendimento, bem como representantes da sociedade civil organizada. Após aprovada pelo Executivo, a lei ainda precisará ser regulamentada para ser aplicada.

Por PRISCILA MENDES
(Foto: Marcos Lopes/ALMT)

Nenhum comentário:

Postar um comentário