
Avanço do populismo: perspectivas para 2018
A professora observa que a geração nascida nos anos 1980 e 1990 demonstra menos apoio à democracia e parte deste público tem se deixado seduzir por candidatos de perfil populista autoritário, como é o caso de Jair Bolsonaro. “Bolsonaro ameaça a democracia porque desafia seus valores-chave, como o pluralismo, a tolerância social”, explica.
Condenação de Lula?
A pesquisadora observa que, neste contexto, a presença do ex-presidente Lula no pleito será "um fator importante nas eleições", sendo ele condenado ou não. “O ex-presidente Lula hoje tem um capital político muito forte. As últimas pesquisas do Ipsos apontam que ele seria quase eleito no primeiro turno. Se condenado, ele deve ter a possibilidade de transferir cerca de 40% dos seus eleitores para um outro candidato, ou seja, ele é ainda a principal variável, o principal fator eleitoral em 2018, seja condenado, preso ou livre. Ele é o elemento mais relevante da disputa de 2018”, ressalta a cientista política. "Mas a condenação me parece ser o que está previsto em seu segundo julgamento em 24 de janeiro. Alguns juízes da 4ª TRF [Tribunal Regional Federal da 4ª Região] já disseram à imprensa que o prognóstico é que ele venha novamente a ser condenado e que saia do processo eleitoral, o que vai gerar muita incerteza”, analisa Telles. A pesquisadora sublinha que o PT e PSDB estão bastante fragilizados perante a opinião pública - o PSDB não consegue sair dos 8% de aprovação e de intenção de voto. "Nesse sentido, o crescimento de um candidato antipolítica, de um outsider, de um empresário qualquer, ou de alguém com outro capital não político pode também aparecer e surgir nas eleições de 2018”, afirma.
Indulto de Natal de Temer, responsabilidade da mídia
O Brasil termina o ano com o indulto de Natal de um presidente impopular, uma medida muito criticada pela operação Lava-Jato. Como que fica para os brasileiros a leitura desse indulto, considerado um retrocesso no combate à corrupção? Para Mara Telles, “a confiança no Congresso é baixíssima, existe uma aversão à classe política brasileira em geral, produzida também em função do papel que a mídia vem exercendo de descaracterizar a classe política como um reino exclusivo da corrupção e, com esse indulto, dado por um presidente que poderia ser investigado, que não o foi, e que conseguiu maioria no Congresso, só aumenta a desconfiança no Congresso”.
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