
Possíveis desfechos
Apesar de as circunstâncias apontarem para um "Dia D" na política nacional e para o próprio Lula, qualquer que seja o resultado desta quarta-feira, o debate sobre o futuro do ex-presidente e do seu papel nas próximas eleições não deve ser encerrado no mesmo dia. Caso nenhum juiz faça um pedido de vista – o que pode levar a um adiamento –, há efetivamente três desfechos possíveis que podem ser conhecidos nesta quarta-feira: absolvição, a condenação por unanimidade ou a condenação por dois votos a um. Mesmo os cenários de condenação não respondem de maneira definitiva se Lula pode ser efetivamente preso num futuro próximo e se a sua candidatura à Presidência poderá ser mantida. Dessa forma, a indefinição sobre o cenário nas eleições de 2018 deve se manter. De efeito prático imediato, os três juízes do caso vão analisar se a sentença de nove anos e seis meses de prisão decidida pelo juiz Sérgio Moro, que em julho do ano passado considerou Lula culpado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, deve ser mantida. Para o Ministério Público, Lula recebeu um apartamento tríplex no Guarujá (SP) como propina de uma empreiteira em troca de contratos com a Petrobras. Caso seja absolvido por três votos a zero ou dois votos a um, Lula não enfrentará nenhum empecilho imediato para concorrer à Presidência. O Ministério Público Federal poderia apresentar um recurso para o Superior Tribunal de Justiça ou Supremo Tribunal Federal, mas o novo julgamento provavelmente não seria analisado antes do pleito. Em quase quatro anos de Lava Jato, nem o STJ nem o STF encerraram qualquer julgamento no âmbito da operação. Absolvido, Lula provavelmente receberia um impulso em sua campanha eleitoral, apesar de outros processos que correm contra ele. Caso seja condenado, a situação de Lula se complica, mas ainda não ao ponto de ser possível decretar que ele estará fora do páreo. O pior cenário para Lula seria uma condenação por 3 a 0. Neste caso, as opções para recorrer da nova condenação seriam menores, e as chances de prisão aumentariam. Isso porque só restaria à defesa mover embargos de declaração – um pedido de esclarecimento da sentença – que costuma ter trâmite rápido e sem possibilidade de revisão da sentença.
Jean-Philip Struck/cp
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