De repente, o mundo virou de cabeça pra baixo. Atenção, revisão, eu escrevi PRA BAIXO. Na música, salvo as exceções de praxe, vivemos o apogeu do pior, com a melosidade choramingas de um bando de sujeitinhos brilhantinados ou sujeitinhas rebolativas que transferiram aos glúteos a única expressividade musical que são capazes de oferecer. Os palcos dos teatros foram invadidos por hordas de humoristas de stand ups comedy. Uns até bons, reconheça-se; mas, a maioria, de uma mediocridade que choca e aborrece pelo apelo descarado à baixaria explícita. E olha que o moralismo não é meu forte. Na religião, pra fechar esse elenco, não precisa dizer muito: o país está entupido de igrejas caça-níqueis (sob o olhar complacente das igrejas tradicionais, sérias, que misteriosamente não abrem o bico pra denunciar as aberrações das, digamos, concorrentes). Os atos de intolerância se multiplicam principalmente ao candomblé e a umbanda. Vale um registro triste em relação aos direitos das minorias, com as seguidas denúncias de racismo e homofobia. Na política, será que é preciso dizer alguma coisa sobre a ladeira abaixo em que nos metemos?
Pronto, falei.
Foi difícil chegar até aqui, porque isso significa reconhecer que, em algum ponto, a linha evolutiva que o país vinha trilhando nas mais diversas áreas foi rompida e vai demorar a ser retomada.
Sim, queridos, já sei: vocês vão me chamar de careta. Pois sou e não nego: careta e saudosista. Agora, deixa eu subir o volume da vitrola. Enquanto escrevo estou ouvindo um tal de Tom Jobim. Esse cara tem futuro. Já ouviu alguma coisa dele?
Colunista PAULO JOSÉ CUNHA
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