
De maneira geral, nas ruas, o julgamento de Lula pode ser dividido em três atos. Veja:
Antes
Em Porto Alegre, as manifestações começaram nesta segunda-feira, com uma caminhada liderada pela Via Campesina até o acampamento montado pela militância pró-Lula no parque Anfiteatro Pôr do Sol. “Esperamos 3.000 pessoas para começar o acampamento”, afirma Cedenir de Oliveira, da coordenação do MST no Rio Grande do Sul. O acampamento foi autorizado pela Secretaria de Segurança Pública para ocorrer entre os dias 22 e 24 de janeiro. Na terça-feira pela manhã, outra marcha está marcada em Porto Alegre, das Mulheres pela Democracia, com a presença da ex-presidenta Dilma Rousseff. No final da tarde, a partir das 18h, um ato contará com a presença de Lula, com concentração na Esquina Democrática, no centro. Segundo Alexandre Padilha, vice-presidente do PT, mais de 500 caravanas de todo o Brasil confirmaram presença para acompanhar as manifestações na cidade. Na mesma data, o movimento Vem Pra Rua convoca um ato "em defesa da Justiça" - e contra o ex-presidente Lula. A concentração será às 18h, no Parque Moinhos de Vento. Além de Porto Alegre, os organizadores prometem protestos no mesmo horário em mais de 40 cidades, incluindo São Paulo, onde a concentração ocorre na avenida Paulista, em frente ao TRF-3.
Durante
Apesar da programação pré-julgamento, na quarta-feira, 24 também haverá atos de ambos os lados políticos. Em Porto Alegre, três frentes pró-Lula sairão marchando de locais diferentes da cidade em direção ao TRF-4 a partir das cinco horas da manhã. Haverá um cordão isolando o prédio e os atos serão no entorno. Do outro lado, o MBL e o Vem Pra Rua convocam sua militância para o Carnalula e a Festa da Condenação, no Parque Moinhos de Vento. Os atos estão marcados para as 18h. A previsão é que a sessão na corte se encerre por volta das 15h30. Ainda não está confirmado onde o ex-presidente assistirá ao julgamento, que será transmitido ao vivo no canal no Youtube do TRF-4. Ele estuda ir à avenida Paulista e juntar-se à militância petista, mas também existe a chance de que permaneça em Porto Alegre após o ato no dia anterior. O próprio ato na Paulista em defesa de Lula, porém, está em xeque, já que a avenida também foi requisitada pelo Movimento Brasil Livre e Nas Ruas, ambos contra o petista. Na quarta-feira da semana passada, houve uma reunião com as entidades e a Polícia Militar, mas não houve acordo. Os movimentos Brasil Popular e Frente Povo sem Medo, ligados ao PT, pediram a autorização para realizar um ato na avenida, a partir das 14h, mas o pedido foi negado pela Justiça. Na decisão, o juiz Antonio Augusto Galvão de França, do Tribunal de Justiça de São Paulo, justifica que “há notícia de que outra entidade indicou intuito em promover manifestação de ideal antagônico no mesmo dia e local”. Mas afirma, porém, que não está claro quem protocolou primeiro o pedido. “Contudo, analisando a ata da reunião realizada junto à Polícia Militar, tudo indica que a preferência é da outra manifestação”. Após a decisão, decretada na última sexta, os movimentos ligados ao PT divulgaram uma nota convocando a concentração para às 17h na Praça da República, encerrando com uma caminhada até a avenida Paulista, a cerca de três quilômetros de distância. “As entidades reforçam que não abrirão mão da caminhada democrática na tradicional avenida, principalmente depois de terem sido barradas após inúmeros diálogos”, diz a nota. Os movimentos alegam que tentaram dialogar mudando o horário e o ponto de concentração do ato na Paulista. “Não adianta vir a polícia do (Geraldo) Alckmin dizer que a gente não pode fazer manifestação, porque nós vamos”, disse Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), em ato de intelectuais e artistas pela defesa de Lula na última quinta-feira em São Paulo. “A rua não é só deles, dos que vestem a camisa da CBF. Nós vamos para a Paulista. O povo da Ocupação Povo sem Medo, em São Bernardo, virá para o centro”. De qualquer modo, os movimentos pela prisão do petista prometem ir à avenida também, com caminhão de som e levarão o Pixuleco. O boneco foi montado na última sexta, em frente à casa do ex-presidente em São Bernardo. Houve bate-boca entre militantes anti e pró-Lula, mas não houve confronto físico.
Depois
No dia seguinte ao julgamento, haverá uma reunião do diretório nacional do PT em São Paulo que simbolizará, extraoficialmente, o lançamento da candidatura de Lula à presidência. Na pauta estará o encaminhamento da candidatura de 2018, mas não haverá um anúncio oficial ainda, devido aos prazos estabelecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que estipula que as convenções partidárias para escolher os candidatos devem ocorrer somente entre 20 de julho a 5 de agosto. De qualquer modo, deputados e dirigentes de todo o país estão sendo convocados para a reunião, cujo horário e local ainda não foram confirmados.
A reportagem é de Marina Rossi e Talita Bedinelli, publicada por El País.
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