“Me lembro desde a primeira vez que o vi, num evento sobre poesia marginal, ele estava recitando um poema e eu fiquei encantado de cara. Foi amor à primeira vista e um amor que durou mais de trinta anos. Eu briguei com a minha mulher muitas vezes, mas com ele eu nunca briguei”, disse Ferreira, relembrando o amigo. A escritora e imortal da Academia Matogrossense de Letras, Cristina Campos, conta que conheceu Sodré no curso de letras nos anos 80 e o define como anjo torto. “Ele era muito espontâneo, aquilo que um Tom Zé é para a música brasileira, o Sodré seria para a poesia mato-grossense e brasileira também. A gente se divertira e aprontava muito. Somos de uma geração que se permitia e a arte tem muito disso”. Já o publicitário e produtor cultural, Amauri Lobo, conta que Sodré era uma pessoa muito peculiar. “A gente chamava ele de Sudra, falava que ia consultar o oráculo, pois ele era assim, tinha umas coisas de culturas de todo o mundo que ninguém sabia de onde ele tirava. Se ele tinha dificuldade de publicar ele escrevia no caderninho, se ele não tinha estudado música ele compunha com as notas que ele criava no violão, então ele trazia essa espontaneidade. E ele era muito doce e leve, um passarinho”, relembra Lobo. As artistas Mari Gemma de La Cruz e Bia Correia serão as responsáveis pela curadoria das obras apresentadas na exposição, que posteriormente deverá circular por alguns espaços da capital, como o Instituto de Linguagens da UFMT, amplamente frequentado por Sodré. A declamação de poesia será organizada pela escritora e imortal da AML, Luciene Carvalho. Mas, claro, será, assim como o era nos áureos tempos do homenageado, aberta a todos que quiserem declamar algo do artista ou para ele, entre os quais deverão participar os professores da Universidade Federal, Roberto Boaventura e Aclyse de Mattos, também integrante da AML. O Sarau receberá ainda a biblioteca móvel do incansável defensor do acesso a literatura, Clóvis de Mattos. Outros artistas foram convidados, mas não puderam estar presentes, porém deverão participar da homenagem a Antônio Sodré, o poeta da transmutação.
Josiane Dalmagro | SEC-MT
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