
É indiscutível o significado positivo dentro da comunidade global do avanço das redes sociais. Elas são uma realidade e transformaram a forma como o mundo se comunica. Mas pouca gente compreende que elas são produtos comercias e privados. Não há cafezinho de graça, como dizem por ai. E por esta nova forma de se comunicar, pagamos um preço caro. Nossas informações, hoje, circulam sabe-se lá por onde e na mão de quem. Vivemos a ditadura dos algoritmos. Hoje, Mark Zuckerberg, dono do Facebook, sabe mais de nós do que as pessoas com que nos relacionamos.
A maior necessidade dentro deste monstro que concentra mais de dois bilhões de usuários (segundo estudo da BBC mais de 83 milhões destes são perfis falsos), é ter cuidado redobrado na forma como se consome esta ferramenta. A velocidade do crescimento de novos usuários cria também a realidade dos “especialistas em redes sociais”. Muitas vezes sem qualquer preparo acadêmico para avaliar tendências, analisar dados concretos e provisionar ações direcionadas. Tudo se transformou em “eu tenho um milhão de seguidores e alcanço o que quiser”. É inegável que estas ferramentas, por grande parte dos usuários, servem apenas para massagear o ego alheio, entre curtidas comentários e compartilhamentos. E a política é a maior das fogueiras das vaidades.
A métrica adotada pelas redes – empresas privadas e que ganham muito, muito dinheiro com esse modelo de negócios – é uma caixa preta. Ninguém, além deles, sabe de fato o que acontece nessa caixa. E vendem exatamente aquilo que se quer ouvir. Ao injetar dinheiro, falamos, através de um questionário, o que queremos alcançar. E sem qualquer sentido acadêmico, psicológico e comercial, as redes sociais entregam o que queremos ouvir. E nossos egos se dão por satisfeitos. Afinal, paga-se por isso. O mundo se curvou ao número de curtidas e compartilhamentos de devaneios alheios.
Manipulação de informação sempre existiu. Desde os primórdios da humanidade, diga-se de passagem. O que está claro hoje, é que essa manipulação também evoluiu, mais até do que a forma como nos comunicamos. A busca por fontes seguras, a procura pela informação qualificada, e principalmente, o direito ao contraditório, deixam de existir quando grupos que compartilham os mesmos interesses se fecham. E ganham forma. E tamanho. E quem sofre com isso são as democracias. A manipulação é o monstro a ser combatido. E as redes sociais se mostraram uma ferramenta imprescindível para elevar essa manipulação a níveis globais.
Neste caso, o discernimento é nossa principal arma nesta batalha, que por hora, parece ser inglória. Mas se faz necessária.
Max Monjardim é jornalista, com MBA em Gestão Estratégica de Marketing pela FGV e membro da equipe de Comunicação do PDT Nacional.
Foto: Reprodução
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