Antonio Caño, diretor do jornal espanhol El País, foi enfático hoje na abertura do segundo dia do encontro de jornalismo promovido pela Folha de S.Paulo na capital paulista.Em um discurso contra a proliferação de notícias falsas na internet, ele afirmou que não é exagerado calcular que, dentro de dois anos, metade das notícias circulando na internet serão falsas. “A desaparição da verdade por meio das fake news equivale à desaparição do jornalismo e da democracia. Isso explica que, mesmo sabendo que as notícias podem ser falsas, continuam compartilhando, porque querem consumir um jornalismo que confirme seus preconceitos.”
Caño ainda citou a recente decisão da Folha de S.Paulo em deixar de publicar seu conteúdo no Facebook. “Respeito a decisão de uma publicação que decidiu falar alto com as empresas de tecnologia e mudar o status quo”, disse.
O diretor do El País também abordou a questão da perda de receita publicitária por parte dos jornais. “As empresas de comunicação não são nenhuma das grandes marcas tradicionais, mas sim o Google e o Facebook, que já representam 90% da publicidade nos Estados Unidos.”
Para ele, o desafio da publicidade nos jornais mudou diante desse cenário. "O Facebook sabe muito sobre uma pessoa, onde vive, o que faz, o que sonha, ele pode prever as ações de uma pessoa. Nós não podemos fazer isso, queremos conhecer as características dos nossos leitores, mas não precisamos competir com as ferramentas do Facebook e Google", disse.
Claudio Alvarez/El País/cp
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