
Segundo a ministra, a decisão se deu “diante do caráter aparentemente abusivo da greve e dos graves danos que dela podem advir”. Ela considerou que a paralisação anunciada não possui pauta de reivindicações que trate das condições de trabalho dos empregados da Petrobras. e afirmou que “beira o oportunismo” a deflagração da greve na esteira da paralisação dos caminhoneiros. Segundo ela, esse tipo de paralisação não tem sustentação na jurisprudência do tribunal.
Calsing afirmou ainda que a greve traz uma "pauta de cunho essencialmente político e de forte ingerência não apenas ao poder diretivo da Petrobras, como em ações próprias de políticas públicas que afetam todo o País e não podem ser resolvidas por pressão de uma categoria profissional”.
O que quer a greve?
A mobilização, que foi chamada de "greve de advertência", é liderada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados, que apresentaram uma série de demandas. Uma das principais é a redução dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis.
Os petroleiros reivindicam também o fim das importações de derivados de petróleo, a manutenção dos empregos e a saída imediata do atual presidente da Petrobras, Pedro Parente, que, segundo a FUP, "mergulhou o país numa crise sem precedentes".
Ao contrário dos motoristas de caminhões, que elegeram a redução de impostos e outros benefícios práticos como pautas prioritárias, os petroleiros há muito criticam a nomeação de Parente para a presidência da estatal e denunciam as consequências de sua política de reajustar os preços conforme as flutuações da cotação internacional dos combustíveis.
A categoria alerta ainda que a volatilidade dos preços dos combustíveis está relacionada ao aumento das importações de derivados de petróleo e à redução das atividades das refinarias brasileiras após a posse do executivo.
Em meio à nomeação de Parente, em 2016, os petroleiros afirmaram que sua posse era "a volta do PSDB à Petrobras". O executivo foi responsável por chefiar o chamado "ministério do apagão", quando FHC criou um grupo de trabalho em 2001 para gerenciar e unificar as ações de racionamento do governo. À época, Parente participou dos debates para mudar o nome da estatal para Petrobrax, com o suposto objetivo de ampliar a presença da marca no cenário internacional.
No início da crise de desabastecimento, os petroleiros já tinham Parente como alvo principal. Quando a Petrobras anunciou mais um aumento, de 1%, nos derivados do petróleo na terça-feira 22, a categoria afirmou, em nota, que o presidente da estatal colocava "combustível na greve dos caminhoneiros".
A reportagem é publicada por CartaCapital e Caminho Político.
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