Na decisão de Copa do Mundo com maior número de gols desde 1958, eficiência da Équipe Tricolore supera valentia da Croácia. Técnico Didier Deschamps é o terceiro a ser campeão mundial como jogador e treinador. A França é bicampeã mundial de futebol. Duas décadas depois do título inédito em Paris, os Les Bleus podem estampar uma segunda estrela em seu uniforme. A Équipe Tricolore derrotou uma valente Croácia, por 4 a 2, numa final de Copa do Mundo recheada de gols, neste domingo (15/07), em Moscou.
Esta foi a final com mais gols desde a decisão de 1958, que resultou no primeiro título brasileiro. Numa partida intensa, animada e com algumas polêmicas, o melhor futebol da Croácia foi superado pela eficiência e um poderio ofensivo mais letal dos franceses. A Croácia teve mais posse de bola, maior número de finalizações e esteve muito mais presente na área adversária. Mas duas decisões discutíveis da arbitragem resultaram em duas bolas paradas para a França, que teve a proeza de marcar dois gols com apenas uma finalização no primeiro tempo: um contra de Mario Mandzukic e um de Antoine Griezmann, de pênalti.
Apesar de ter tido um dia a menos de descanso e disputado três prorrogações, a Croácia ditou um ritmo mais intenso e jogou um melhor futebol. Mas, assim como em praticamente toda a Copa do Mundo, prevaleceu a eficiência. Com quase metade do número de finalizações, a França marcou o dobro de gols: Paul Pogba e Kylian Mbappé sacramentaram o título para a França. Mundzukic deu números finais à final no Estádio Luzhniki.
Embora tenha vivido altos e baixos desde a memorável conquista contra a seleção brasileira em 1998, como as eliminações nas fases de grupo nas Copas de 2002 e 2010, a França soma com três finais mundiais e duas europeias – e três conquistas – o melhor desempenho entre todas as seleções mundo afora nas últimas duas décadas.E a geração atual da seleção francesa é, de fato, bastante forte e promissora. A grande maioria dos 23 convocados pelo treinador Didier Deschamps atua em grandes clubes europeus – o menos renomado da Équipe Tricolore, o lateral-direito Benjamin Pavard, atualmente no Stuttgart, certamente deve receber uma enxurrada de ofertas de transferência.
Mas impressiona também o gabarito dos nomes deixados de fora da Copa do Mundo. O zagueiro Laurent Koscielny e o meia Dimitri Payet foram cortados por lesão, enquanto promessas como Aymeric Laporte e Kurt Zouma, além de atletas relevantes como Adrien Rabiot, Franck Ribéry, Anthony Martial, Kingsley Colman, Alexandre Lacazette e Karim Benzema (por distúrbios internos) não foram convocados – uma equipe forte suficientemente para dar trabalho a qualquer seleção na Rússia.
E por falar em Deschamps, o capitão da conquista de 1998 se tornou o terceiro a vencer a Copa do Mundo como jogador e treinador, após Mario Jorge Lobo Zagallo (1958 e 1962 como jogador e 1970 como técnico) e Franz Beckenbauer (1974 como jogador e 1990 como técnico).
Outro fato histórico: o atacante Kylian Mbappé se tornou o quarto jogador a jogar uma decisão de Copa do Mundo antes de completar 20 anos de idade. Assim como Mbappé, os outros três, o uruguaio Rubén Morán, em 1950, Pelé, em 1958, e o italiano Giuseppe Bergomi, em 1982, também foram campeões mundiais. Apenas ele e Pelé marcaram nas finais.
A França, que igualou o Uruguai e a Argentina no número de títulos mundiais, tem agora a missão de quebrar a sina recente de campeões mundiais que falham em superar a fase de grupos no torneio seguinte. A Copa do Mundo de 2022 será disputada no Catar entre 21 de novembro e 18 de dezembro devido ao calor excessivo do verão local.
O jogo
A Croácia entrou na partida com bastante intensidade e certa agressividade na marcação. A marcação alta gerou algumas faltas, mas também roubadas importantes de bola, principalmente pelo lado defendido pelo jovem Pavard, por onde atacava Ivan Perisic.
A Croácia dominava a partida, com mais toques de bola no campo de ataque. Mas aos 18 minutos, na primeira oportunidade que teve no jogo, a França abriu o marcador, depois de uma marcação de falta duvidosa do árbitro argentino Néstor Pitana. Antoine Griezmann cobrou a falta, e o herói croata da semifinal, o atacante Mario Madzukic, desviou para as próprias redes. Manduzkic é o primeiro jogador a marcar um gol contra numa final de Copa do Mundo.
Depois do gol, a Croácia aumentou a pressão e o jogo pegou fogo. Os ânimos dos jogadores em campo também ficaram mais exaltados, com ambos os lados reclamando de decisões da arbitragem. Aliás, a seleção croata saiu atrás no placar em todos os jogos do mata-mata e disputou todas as três prorrogações possíveis – uma situação a que estava habituada, portanto.E como nas oitavas, quartas e na semifinal, a Croácia conseguiu empatar a partida. Após cobrança de falta ensaiada, o lateral Sime Vrsaljko cabeceia para o centro da grande área e Perisic dominou com um pé e fuzilou com o outro, indefensável para Hugo Lloris. A Croácia é a 13ª seleção diferente a disputar uma final de Copa do Mundo.
O jogo estava em aberto. Poucos minutos depois, após rever o lance no monitor, o árbitro marcou penalidade para a França, depois de entender que o toque de mão de Perisic não tinha sido intencional. Outra decisão questionável. Griezmann cobrou e marcou seu quarto gol nesta Copa – melhor marca de um jogador francês desde Just Fontaine, que fez 13 gols em 1958.
Este foi apenas o sexto pênalti apitado numa final de Copa. De quebra, Perisic se tornou apenas o segundo jogador a marcar um gol e causar um pênalti numa final mundial, depois do italiano Marco Materazzi em 2006. Além disso, a final da Copa do Mundo de 2018 foi a primeira a ter três gols no primeiro tempo desde 1974.
A missão da Croácia na segunda parte era historicamente descomunal. A única vez que uma seleção foi para o intervalo atrás no placar a saiu campeão mundial foi justamente na primeira Copa do Mundo, em 1930, quando Uruguai levantou o caneco.Apesar de terem tido um dia a menos de descanso e disputado três prorrogações, os croatas não tiraram o pé do acelerador no segundo tempo. Ante Rebic, aos três minutos, obrigou Lloris a uma grande defesa. A preocupação de Deschamps ficou evidente com a substituição do melhor volante do torneio, N'Golo Kanté, que não conseguiu ser tão eficiente como em outros jogos.
A alteração surtiu efeito – pela primeira vez no jogo, a França dominou o meio-campo. Aos 14 minutos, Paul Pogba fez o terceiro. Mbappé ganhou na corrida pelo lado direito, Griezmann passou para Pogba, que teve seu primeiro chute bloqueado pela defesa croata, mas não perdoou no rebote.
Seis minutos depois, o tiro de misericórdia. Mbappé coroou sua bela Copa do Mundo com uma precisa finalização de fora da área e sacramentou o sonho de valentes croatas. O jovem craque é apenas o segundo jogador com menos de 20 anos a marcar numa final de Copa do Mundo. O outro foi Pelé, em 1958. Pela primeira vez desde o Brasil em 1970, uma seleção marca quatro gols numa final de Mundial.
A França já estava com a cabeça na celebração, provavelmente. Apenas isso explicaria a falha de Lloris, aos 24 minutos. O goleiro francês tentou driblar Mandzukic, que deu um leve toque para diminuir para 4 a 2. Nada que impedisse a Équipe Tricolore de presentear os franceses com a conquista do segundo título mundial, depois de ter perdido a final da Eurocopa, em casa, para Portugal.
Ficha técnica
França 4 x 2 Croácia
Local: Estádio Luzhniki, em Moscou
Arbitragem: Néstor Pitana (Argentina), auxiliado por seus compatriotas Hernán Maidana e Juan Pablo Belatti.
Gol: Mario Mandzukic (contra 18'/1T), Ivan Perisic (28'/1T), Antoine Griezmann (pen. 38'/1T), Paul Pogba (14'/2T), Kylian Mbappé (19'/2T), Mario Mandzukic (24'/2T)
Cartões amarelos: N'Golo Kanté (27'/1T), Lucas Hernández (40'/1T), Sime Vrsaljko (47'/2T)
França: Hugo Lloris; Benjamin Pavard, Raphaël Varane, Samuel Imtiti e Lucas Hernández; N'Golo Kanté (Steven Nzonzi 8'/2T) e Paul Pogba; Balise Matuidi (Corentin Tolisso 28'/2T), Antoine Griezmann e Kylian Mbappé; Olivier Giroud (Nabil Fekir 35'/2T). Técnico: Didier Deschamps.
Croácia: Danijel Subasic; Sime Vrsaljko, Dejan Lovren, Domagoj Vida e Ivan Strinic (Marko Pjaca 36'/2T); Marcelo Brozovic e Ivan Rakitic; Ante Rebic (Andrej Kramaric 26'/2T), Luka Modric e Ivan Perisic; Mario Mandzukic. Técnico: Zlatko Dalic.
Philip Verminnen/Caminho Político
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