Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso

Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso
Cons. Benjamin Duarte Monteiro, Nº 01, Ed. Marechal Rondon

Prefeitura Municipal de Tangará da Serra

Prefeitura Municipal de Tangará da Serra
Avenida Brasil, 2351 - N, Jardim Europa, 78.300-901 (65) 3311-4800

Deputado Estadual Drº. Eugênio de Paiva (PSB-40)

Deputado Estadual Drº. Eugênio de Paiva (PSB-40)
Agora como deputado estadual, Eugênio tem sido a voz do Araguaia, representa o #VALEDOARAGUAIA! 100% ARAGUAIA!🏆

Governo de Mato Grosso

Governo de Mato Grosso
Palácio Paiaguás - Rua Des. Carlos Avalone, s/n - Centro Político Administrativo

Prefeitura de Rondonópolis

Prefeitura de Rondonópolis
Endereço: Avenida Duque de Caxias, 1000, Vila Aurora, 78740-022 Telefone: (66) 3411 - 3500 WhatsApp (Ouvidoria): (66) 9 8438 - 0857

sábado, 4 de agosto de 2018

"OPINIÃO: Saúde bucal e mortalidade infantil"

Nesta semana, fui surpreendido por uma resposta dada por um presidenciável durante a sabatina do programa Roda Viva, da TV Cultura. E a surpresa foi inesperadamente positiva – já que eu não sou um admirador da política e dos ideais do candidato em questão. Após ser questionado sobre o contexto e as soluções para a mortalidade infantil no Brasil, o candidato a presidente do Brasil respondeu que, dentre outras ações, para reduzir os índices de mortalidade na infância, investiria no pré-natal odontológico e em políticas de saúde bucal para gestantes. Isso porque, de acordo com o presidenciável, tal problema está intrinsecamente ligado à morte de bebês prematuros; considerando, assim, que um bebê nascido de parto prematuro tem mais chances de vir a óbito do que um bebê nascido a termo. Apesar de não parecer, este raciocínio faz, sim, total sentido. Como exemplo, está uma notícia da Agência Brasil, publicada em 2016, que anunciou o nascimento prematuro como a principal causa de mortalidade infantil em todo o mundo. A reportagem revelou dados da ONG Prematuridade.com que, à época, também constatou que, a cada 30 segundos, um bebê morre em decorrência do nascimento antecipado no Brasil.
Atualmente, estima-se que para cada mil nascimentos, 15 bebês morrem em território brasileiro – o país ainda ocupa o 7º lugar no ranking de nações que mais matam crianças e adolescentes do sexo masculino, segundo dados de 2015 da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Como odontopediatra, devo dar crédito à fala do presidenciável, apesar de ele ter desconsiderado outros fatores que influenciam na taxa de mortalidade infantil do Brasil. O candidato está coberto de razão quando diz que a má saúde bucal está diretamente associada à prematuridade e que grande parte dos partos prematuros poderiam ser evitados por meio do acompanhamento odontológico das gestantes.
Há anos essa relação vem sendo estudada e existem evidências científicas que demonstram a relação entre infecções bucais em gestantes e a ocorrência de partos prematuros e nascimento de bebês com baixo peso.
Essa ligação se torna ainda mais clara quando nos atentamos para o fato de que a saúde bucal não está separada da saúde de todo o resto do corpo – ao contrário, ela faz parte do todo. Assim, por meio da corrente sanguínea, bactérias e mediadores inflamatórios presentes na infecção bucal podem chegar ao útero materno provocando reações indesejáveis.
A infecção dos tecidos gengivais e ósseos que envolvem o dente pode contribuir para a antecipação do parto, já que os mediadores inflamatórios têm a capacidade de interferir no funcionamento do organismo e, em muitos casos, induzir um trabalho de parto prematuro. Uma gestante com a saúde bucal em dia não correria o risco de ter o parto influenciado por doenças periodontais.
Essa relação é bem conhecida pela comunidade odontológica e, no Brasil, existem políticas públicas voltadas para a atender a essa situação específica. A estratégia de Saúde da Família e até mesmo o cartão de pré-natal disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) contemplam o acompanhamento odontológico das gestantes. Triste é constatar, no entanto, que este atendimento quase sempre não acontece; seja por falha do sistema ou por desconhecimento da população.
Diante deste contexto, é necessário frisar que, do ponto de vista da odontologia, a resposta do candidato faz muito sentido. Enquanto cirurgião-dentista e profissional de saúde, espero que a polêmica não apenas viralize nas redes sociais, mas também traga maior visibilidade às informações que são de utilidade pública e realmente merecem destaque.
Luiz Evaristo Volpato é presidente do Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso (CRO-MT)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ame,cuide e respeite os idosos