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domingo, 28 de outubro de 2018

"A ditadura Bolsonarista pode destruir a América do Sul"

Depois do manifesto de Jair Bolsonaro no ato do último domingo dia 20 [transmitido] na Av. Paulista de São Paulo, ele confirmou que pretende estabelecer uma ditadura e que as últimas pesquisas eleitorais feitas previam sua vitória sobre Fernando Haddad no próximo domingo (dia 28), as especulações dos analistas preveem o curso de seu provável governo. Quatro eixos são claramente delineados na futura ação internacional do Presidente Bolsonaro.
Em primeiro lugar, fortalecerá estreitos laços diplomáticos e ideológicos com os governos dos EUA e Israel. Em segundo lugar, sua ofensiva contra a Venezuela poderá chegar ao ponto de uma agressão militar. Na terceira instância, pretende formar uma aliança de governos conservadores com a Argentina, o Paraguai, o Chile e a Colômbia na América do Sul. Finalmente, embora tenha dito que não pretende retirar seu país do Mercosul, ele pretende “desideologizá-lo”.
Sem esperar pela confirmação das urnas no próximo domingo, o candidato ultra-direitista já convocou o presidente argentino Maurício Macri para ratificar a “relação estratégica” entre Brasil e Argentina na terça-feira passada (dia 16). No sábado, ele também comunicou-se com o presidente paraguaio Mario Abdo Benítez, a quem ele expressou seu desejo de fortalecer as relações bilaterais. Enquanto isso, em sua casa no Rio de Janeiro, ele também recebeu as senadoras chilenas Jacqueline van Rysselberghe e José Durana, da base parlamentar do governo de Sebastián Piñera, que já havia expressado publicamente seu apoio ao futuro super-ministro da Economia de Bolsonaro – Paulo Guedes –, que depois de graduar-se na Universidade de Chicago com Milton Friedman, foi professor na Universidade do Chile durante a ditadura de Augusto Pinochet. Segundo fontes da campanha, espera-se que nos próximos dias Bolsonaro também converse diretamente com Piñera e com o presidente da Colômbia, Iván Duque.
O Mercosul não é mencionado no programa eleitoral do candidato, que só aponta para uma reforma do Itamaraty e, em geral, para aprofundar a integração com os países latino-americanos “que estão livres de ditaduras”. Pelo contrário, sublinhou que visa forjar um alinhamento mais forte com Washington e reforçar a cooperação e comércio com Israel, Coreia do Sul e Itália (já está conversando com o italiano vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, da extrema-direita).
Embora ele já tenha uma equipe que está elaborando as diretrizes da política externa, ainda não decidiu se vai executá-la através de um político ou com um diplomata de carreira. Entre as opções “políticas”, sonha com a senadora Ana Amélia Lemos, do Partido Progressista (PP), candidata a vice-presidência na chapa com Geraldo Alckmin (PSDB). Ela, atual chefe do Comitê de Relações Exteriores do Senado, apressou-se a apoiar o candidato do Partido Social Liberal (PSL) logo após o primeiro turno. Se nomeada, ela seria a primeira mulher chanceler da história do Brasil .
Outro nome político a ser considerado é o empresário Luiz Philippe de Orleans e Bragança, deputado eleito pelo PSL por São Paulo e herdeiro da família imperial deposta em 1889 (com a proclamação da República) O Príncipe – como é chamado – quer rever a estrutura do Mercosul e incentiva a assinatura de acordos bilaterais de livre comércio, como o que o Brasil e o Chile acabam de negociar.
Entre as alternativas diplomáticas, entretanto, um dos favoritos seria o embaixador Ernesto Fraga Araújo, atual diretor do Departamento dos Estados Unidos e do Canadá no Itamaraty, firme defensor de Bolsonaro e promotor de uma “relação carnal” com Washington. Outras possibilidades profissionais seria o embaixador Luiz Fernando Serra e três mulheres embaixatrizes de alto perfil: Maria Luiza Ribeiro Viotti (atual chefe de gabinete do Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres), Maria Nazareth Farani Azevedo (representante permanente do Brasil na ONU em Genebra) e María Dulce Silva Barros (subsecretária geral das Comunidades Brasileiras e Assuntos Consulares e Jurídicos do Itamaraty).
Pela conformação de sua base de apoio, dá a impressão de que a política externa Bolsonaro variar entre ideologismo, a demagogia e os interesses concorrentes do Exército, dos grupos financeiros, dos latifundiários exportadores e dos industriais de São Paulo – onde estão a principais indústrias de exportação do país, especialmente automotiva. Sem dúvida, o Brasil procurará impor aos seus vizinhos acordos comerciais desiguais, intervir em seus assuntos internos com aplicação de pressão militar (especialmente na Bacia do Prata), provavelmente fornecer aos Estados Unidos a base aeroespacial de Alcântara no nordeste do estado do Maranhão, e financiar a expansão de suas igrejas pentecostais além de suas fronteiras. Porém, se ele embarca com Washington e Bogotá em uma intervenção militar contra a Venezuela, provocará umconflito beelico de longa duração e de amplo alcance, que fraturará o continente e também envolverá Bolívia, Nicarágua, Cuba, Rússia, Irã e China.
Como o Exército Brasileiro enxerga a si mesmo (enquanto instituição) como um pilar e equilibrador do Estado, em princípio não é esperado que queira meter-se em um conflito armado de grandes proporções. É possível que antes tente “reorganizar” o cenário interno no sentido proposto pelo “Grupo de Brasília” (equipe cívico-militar liderada pelo general Augusto Heleno que vem reunindo-se em Brasília há um ano para planejar o futuro governo): combate à corrupção e à criminalidade, repressão aos movimentos sociais e da esquerda, disciplina do trabalhadores e impulsionamento do crescimento econômico.
No entanto, apesar da confiança que os meios conservadores e liberais e os grandes grupos financeiros têm que o superministro Paulo Guedes e os militares “moderem” Bolsonaro, este é um delirante paranóide, megalomaníaco e místico. Quando for necessário começar a distribuir os escassos recursos do Estado, a aliança heterogênea que o está levando ao poder romper-se-á. Rupturas, confrontos e perseguições dentro da elite serão, então, moeda comum. Se a crise se aprofundar pelo desgoverno, não seria improvável que o presidente messiânico tente impor uma ditadura pessoal com a ajuda de milícias evangélicas, os parapoliciais e as forças de choque dos latifundiários. Nesse contexto, também pode ocorrer a ele invadir a Venezuela, para se coroar como novo imperador dos trópicos.
O próximo domingo marcará o início de uma época tão negra na história da América do Sul, como não temos experimentado desde a Guerra do Paraguai (1864-1870). O fato de o resultado ser diferente depende da unidade das forças democráticas.
Texto originalmente publicado no website InfoBaires24 em 24/10/2018 e reproduzido aqui com autorização do autor (tradução de nossa redação).
“Ao estabelecer seu planejado regime autoritário, Jair Bolsonaro não será capaz de manter a aliança heterogênea que o sustenta, e tornará aguda as tensões internas e externas.”
Eduardo Jorge Vior é graduado em História pela Universidad de Buenos Aires (1977), mestre em Ciências Políticas pela Ruperto-Carola-Universität Heidelberg (1984), doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (2011) e doutor em Ciências Sociais pela Justus-Liebig-Universität Giessen (1991). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, na área de Ciência Política e Sociologia. Ele comenta regularmente no Duplo Expresso às sextas-feiras abordando as complexas ligações que envolvem as nações-irmãs Brasil e Argentina com seus vizinhos no Cone Sul.

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