Foi como "House of Cards": após eleição marcada por manobras, judicialização e possível fraude numa das votações, David Alcolumbre (DEM-AP) derrota Renan Calheiros (MDB-AL) e é o novo presidente do Senado.Ele foi o principal articulador da candidatura de seu correlegionário para tentar derrotar o senador Renan Calheiros (MDB-AL). No processo, travou uma queda de braço com outra das figuras mais importantes da gestão Bolsonaro: o ministro da Economia, Paulo Guedes, de quem Renan se aproximara. Nos últimos dias, quando a articulação de Renan para o comando da Casa crescia, a avaliação de senadores é que não haveria mais espaço para Onyx no governo, tachado como um parlamentar do baixo clero e sem capacidade de articulação com o Senado. As ameaças contra Onyx se intensificaram após a manobra operada por ele, Davi e adversários de Renan para promover o voto aberto pela eleição da presidência do Senado – algo que acabou sendo questionado no Supremo.
Nesta madrugada, o presidente do STF, Dias Toffoli, invalidou a sessão de sexta-feira.
A notícia deu uma sobrevida à candidatura de Renan e era dada como certo que, no caso de uma vitória do emedebista, não haveria espaço na Praça dos Três Poderes para Calheiros e Onyx.
DERROTA DO MDB
Neste sábado, mesmo com a determinação do STF para que eleição para a presidência do Senado fosse secreta, adversários de Renan passaram a mostrar suas cédulas de votação antes de depositá-las na urna.
Ao final da votação, um fato inusitado indicou a possibilidade de fraude. Apesar de serem 81 senadores, havia 82 votos.
Uma nova eleição foi chamada e esse foi o início da derrocada de Renan.
Segundo cálculos de seus aliados, ele contava com o voto de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), de José Serra (PSDB-SP) e de Mara Gabrilli (PSDB-SP).
Além deles, também tinham em sua contagem os votos do PSD.
O grupo de Renan diz que Onyx e o governo promoveram uma blitz em cima de Gilberto Kassab, presidente do PSD, que tem 10 senadores. No processo, contou com a ajuda do governador de São Paulo, Joao Doria.
Renan contava com ao menos 5 votos do PSD, que viraram para Alcolumbre. Ao perder os votos do PSD, quando os senadores passaram a abrir seu voto, Renan percebeu que o mesmo se repetiria no PSDB.
Flávio Bolsonaro também abriu seu voto contrário favorável a Alcolumbre.
A senha final da derrota foi quando o senador Jader Barbalho (MDB-PA) deixou o plenário. A derrota para a articulação de Onyx estava consumada.
Com isso, Renan foi ao plenário e retirou sua candidatura para não perder formalmente a batalha.
Em plenário, havia quem chamasse Onyx de “Fênix” devido à sua ressurreição na disputa que em alguns momentos foi dada como vencida, numa luta contra um dos senadores mais poderosos da República, que já havia presidido o Congresso em quatro ocasiões.
Com a derrota, parte do Senado vê em Renan Calheiros o novo nome da oposição ao governo Bolsonaro no Senado.
O senador, no entanto, não quis assumir esse papel. Ou pelo menos não neste primeiro momento.
Ele pretende submergir nos próximos dias.
A nova correlação de forças no Executivo e Legislativo é ainda um duro golpe ao MDB, que vai perder o protagonismo que teve nos últimos anos na política nacional.
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