
O índice de confiança no novo presidente também derreteu. Caiu de 62% em janeiro para 49% agora – uma perda de 13 pontos. Ao mesmo tempo, a desconfiança pulou de 30% para 44%. “Quem mais desconfia do presidente são os nordestinos e os moradores de grandes cidades. Entre esses, a desconfiança é majoritária: 53% não confiam nele. É uma má notícia para Jair Bolsonaro, porque os movimentos de opinião pública costumam migrar das capitais para o interior, e não o contrário”.
De acordo com a pesquisa, quem ainda sustenta a confiança no presidente-capetão são os evangélicos, os mais ricos, os homens e os moradores do Sul. Estes segmentos seguem acreditando no demagogo direitista, mas essa fé cega pode não durar muito tempo. O Ibope não revelou as razões que levaram à rápida queda de popularidade, mas pesquisas de outros institutos apontam pelo menos três motivos – segundo a análise equilibrada do jornalista José Roberto de Toledo:
“Sua vizinhança com a milícia no Rio de Janeiro e as denúncias de corrupção envolvendo seu filho Flávio, a falta de medidas práticas que tenham resultado em diminuição da violência urbana e, finalmente, o destempero demonstrado pelo presidente em suas manifestações públicas, principalmente por meio do Twitter durante o Carnaval. Tudo isso, somado ao cenário de estagnação da economia, aponta para dificuldades adicionais quando o governo começar a se movimentar para aprovar a reforma da Previdência, que vai desagradar a várias camadas da população”.
Diante desse cenário bastante adverso – que pode abortar seu mandato ou “sangrar” sua gestão –, fica a pergunta: como reagirá o presidente conhecido por seus arroubos autoritários? Eleito pelo PSL, o Partido Só de Laranjas, Jair Bolsonaro não tem mais como se travestir de paladino da ética. O seu governo – que reúne milicos ressentidos, abutres financeiros, corruptos velhacos, fanáticos religiosos e milicianos fascistas – não tem nada a oferecer à sociedade, seja no quesito da retomada da economia ou da melhoria na segurança pública. A tendência, portanto, é que ele reforce seus traços fascistas, dando carne aos leões.
O movimento sindical, o mundo da cultura e os agentes da educação, entre outros setores sociais, já estão sentindo essa mão pesada, que deve se enrijecer no próximo período. A unidade na resistência democrática é cada dia mais urgente!
Altamiro Borges Jornalista, presidente do Centro de Debates da Mídia Alternativa Barão de Itararé
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