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sexta-feira, 8 de março de 2019

"Governo francês escolhe filósofa brasileira como "personalidade do amanhã"

A honraria é concedida pelo Ministério das Relações Internacionais da França.Luta, felicidade, empoderamento. Essas são palavras que descrevem o momento da filósofa Djamila Ribeiro, 38 anos, que está em Paris. Mestre pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), autora de livros e colunas, ela foi a única brasileira selecionada para representar o Brasil no programa ‘Personalidade de Amanhã’, ao lado de representantes de países da América Latina e do Caribe. O projeto do Ministério das Relações Internacionais da França existe há 30 anos e seleciona uma pessoa por país da América Latina e do Caribe por sua projeção atual e impacto no futuro.
A filósofa brasileira foi escolhida para participar do programa por causa do trabalho que desenvolve abordando a discussão de gênero e raça, que tem transformado a sociedade. Djamila ganhou projeção nacional por usar as redes sociais para compartilhar conteúdo contra o racismo. Como autora de livros, a pensadora é recordista em vendas. Os livros O que é lugar de fala? e Quem tem medo do feminismo negro? ocupam as primeiras colocações de vendas nas maiores feiras de livros no país. Agora, segundo informou, as obras serão traduzidas para o francês. “Eu faço o que eu faço com amor e verdade porque acredito na justiça social e em uma sociedade com oportunidades iguais. Para isso que luto! Isso seguindo as trajetórias de negras que abriram caminho para eu mudar a sociedade”, afirma. A pensadora assegura que não busca ser uma figura simbólica para as pessoas. “Caso consiga influenciá-las e sejam tocadas pelo meu trabalho, fico feliz”, observa.
Desde o ano passado, dentro desse programa, o Ministério das Relações Internacionais da França lançou a categoria da identidade de gênero. O primeiro grupo foi integrado por representantes do Oriente Médio. "Agora, somos do segundo grupo, a América Latina (Guatemala, Argentina, Chile, entre outros)”, explica. A filósofa brasileira passará 10 dias na França, cumprindo agendas institucionais, visitando órgãos oficiais franceses e o Parlamento Europeu.
Ela, com o resto dos premiados, até terá um encontro com o presidente da França, Emmanuel Macron, além de reuniões com ativistas locais e conversas com representantes da sociedade civil. “Eu terei a oportunidade de conhecer várias pessoas do governo e civis ligadas à política da igualdade de gênero. Também teremos reconhecimento do nosso trabalho, cada um no seu país e agenda com a mídia”, diz.
Em uma publicação no Facebook da filósofa, ela expressou a alegria para amigos e seguidores, pois foi selecionada para o programa Personalidade do Amanhã como representante do Brasil em Paris.
Filosofia, racismo e feminismo negro
A filósofa Djamila Ribeiro nasceu e cresceu no município de Santos, em São Paulo, e, desde pequena, foi incentivada a pensar e a refletir. Ela entrou na universidade aos 27 anos e estudou com colegas adolescentes, na faixa etária de 17 e 20 anos. Muitos disseram a ela que o curso de filosofia era ‘perda de tempo’, que ela deveria fazer ‘algo mais útil’, e que deveria estudar em um lugar mais perto de casa, uma vez que, na época da faculdade, tinha uma filha de 7 anos. “Sempre gostei de filosofia! Meu pai me incentivou a ler desde cedo. Então, é algo que foi muito presente na minha vida”, afirma.
“Quem sempre me influenciou a lutar contra o racismo foram meus pais”, conta Djamila. Segundo ela, desde pequena esse assunto era muito discutido entre a família. “Mas eu comecei a falar de feminismo negro quando entrei na Casa da Cultura da Mulher Negra, uma ONG de Santos (SP). Esse lugar, me mostrou e ensinou quem eram essas mulheres negras que pensaram em projetos de mundo”, observa. Para ela, ter conhecido essa ONG no fim da fase da adolescência e o começo da vida adulta foi um grande marco.
Além disso, ela explica que o grande erro das pessoas é pensar que o feminismo negro é falar somente das mulheres negras. “É o contrário, são mulheres negras pensando em projetos de mundo e mais democráticos. A grande maioria dessa população não está inserida dentro da sociedade, não podemos dizer que vivemos democraticamente.” A pensadora enfatiza a importância de expandir a luta e o conceito de humanidade. “Para que esses grupos que foram historicamente discriminados possam ser considerados humanos, assim por diante, serem considerados cidadãos e cidadãs”.
Outros planejamentos
A filósofa tem outros projetos para o futuro, mas prefere não citá-los agora. As obras Quem tem medo do feminismo negro? e O que é lugar de fala? foram traduzidas para o francês. Ela enfatiza que essa é uma oportunidade de poder dialogar com mais pessoas, sobretudo em um país que geralmente lê livros de autores de países do hemisfério norte. “Estou muito feliz por ser uma mulher negra do sul do mundo e ter uma obra traduzida”, diz, satisfeita.
Djamila também é a coordenadora da coleção Feminismos Plurais da editora Letramento, que tem por objetivo democratizar conhecimento e disputar narrativas sobre o assunto. A pensadora ministra palestras e bate-papos, produz artigos e atualmente é colunista de revistas que tratam de gênero e raça. É bastante ativa na internet, tem cerca de 211 mil seguidores no Facebook e 321 mil no Instagram. Ela foi secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo durante a gestão do ex-prefeito Fernando Haddad.
Confira honrarias que Djamila Ribeiro ganhou nos últimos dois anos:
Prêmio Trip Transformadores - 2017
Melhor colunista no Troféu Mulher Imprensa - 2018
Está entre as 100 pessoas mais influentes do mundo abaixo dos 40 anos, segundo Organização das Nações Unidas (ONU) - 2018
Foi a primeira mulher brasileira a ser convidada para o Festival do Livro de Edimburgo (Reino Unido) - 2018
Prêmio Jabuti de Literatura - categoria: humanidades - com o livro: O que é lugar de fala? - 2018
Quem tem medo do feminismo negro?
Reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista CartaCapital, entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação. Foi apenas no fim da adolescência, ao trabalhar na Casa de Cultura da Mulher Negra, que Djamila entrou em contato com autoras que a fizeram ter orgulho de suas raízes e não mais querer se manter invisível. Desde então, o diálogo com autoras como Chimamanda Ngozi Adichie, Bell Hooks, Sueli Carneiro, Alice Walker, Toni Morrison e Conceição Evaristo é uma constante. Muitos textos reagem a situações do cotidiano — o aumento da intolerância às religiões de matriz africana; os ataques a celebridades, como Maju Coutinho ou Serena Williams — a partir das quais Djamila destrincha conceitos como empoderamento feminino ou interseccionalidade. Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir.
Editora: Companhia das Letras
Autora: Djamila Ribeiro
148 páginas/ R$ 29,90
O que é lugar de fala?
Muito tem se falado sobre o conceito de lugar de fala e muitas polêmicas acerca do tema têm surgido. Fazendo o questionamento sobre quem tem direito à voz numa sociedade que tem como norma a branquitude, a masculinidade e a heterossexualidade. O conceito se faz importante para desestabilizar as normas vigentes e trazer a importância de se pensar no rompimento de uma voz única com o objetivo de propiciar uma multiplicidade de vozes. Partindo de obras de feministas negras como Patricia Hill Collins, Grada Kilomba, Lélia Gonzalez, Luiza Bairros, Sueli Carneiro, o livro aborda, pela perspectiva do feminismo negro, a urgência pela quebra dos silêncios instituídos explicando didaticamente o que é conceito ao mesmo tempo em que traz ao conhecimento do público produções intelectuais de mulheres negras ao longo da história.
Editora: Letramento
Autora: Djamila Ribeiro
96 páginas/ R$ 19,90
Estagiária sob supervisão da editora Ana Sá

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