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segunda-feira, 15 de abril de 2019

"Moçambique é o nosso espelho"

Resultado de imagem para Luiz Henrique Lima Auditor Substituto de Conselheiro do TCE-MTTão surpreendente e chocante quanto a apocalíptica dimensão da tragédia em Moçambique é a apatia e o quase completo silêncio que sobre o assunto paira em nosso país. Para muitos, senão para a maioria, trata-se de uma não-notícia, de um não-acontecimento, que ocupou alguns segundos de um noticiário e depois passou e foi esquecido. Moçambique? Onde é mesmo? Quando foi isso? Quem se interessa? Quem se importa? Há cerca de três semanas, o ciclone Idai destruiu praticamente toda a cidade de Beira, a quarta maior do país, de população pouco menor que a de nossa querida Cuiabá. Foi atingida uma extensa área rural da província de Sofala e o ciclone provocou vítimas também em Zimbabwe e Malawi. Depois da tragédia do ciclone, vive-se a tragédia decorrente da destruição da infraestrutura de energia, de tratamento de água, de funcionamento das operadoras de telefonia celular, de transportes, de abastecimento de alimentos etc. Doenças como o cólera se propagam e matam crianças às dezenas.
Moçambique é o nosso espelho.
Moçambique é o espelho de nossa ignorância. Conhecemos muito pouco sobre a África, principalmente sobre países como Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau, distantes geograficamente, mas próximos na história, no idioma, na cultura. Há um ano estive em Maputo, proferindo a Conferência de Abertura no 1º Seminário Internacional de Auditoria promovido pelo Tribunal de Contas moçambicano, que lá se chama Tribunal Administrativo. Fiquei encantado com a gentileza do povo e especialmente com o interesse, carinho e admiração com que se referiam ao Brasil. A realidade é que estamos muito longe de retribuir esse sentimento de amizade.
Moçambique é o espelho de nossa indiferença. Dar as costas a Moçambique é dar as costas a um pedaço de nós mesmos. Não o nosso pedaço mais rico ou festejado, mas um pedaço importante e essencial para a compreensão do que somos, de como nos tornamos o que somos e de quais são as nossas perspectivas. Negar nossa matriz africana não nos converterá jamais em europeus, canadenses ou australianos. Não nos enriquecerá. Ao contrário, nos tornará mais pobres. Principalmente, mais pobres de espírito. Desviar os olhos do sofrimento de um povo tão parecido com a maioria do povo brasileiro é como abandonar um membro da família em momento de necessidade.
Moçambique é o espelho de nossa incapacidade. Sim, o governo brasileiro enviou dois aviões da FAB com ajuda humanitária e 40 heroicos bombeiros e militares que ajudaram no resgate das vítimas do crime ambiental de Brumadinho. Parabéns. Mas isso é muito, muito pouco e totalmente insuficiente. Poderíamos ajudar muito mais. O governo brasileiro doou 100 mil euros para a reconstrução do país, estimada em mais de 1 bilhão. Há mais de um milhão e meio de crianças necessitadas de ajuda humanitária. O valor que o governo doou é protocolar e simbólico. O símbolo de nossa mesquinharia e incapacidade de sermos solidários e fraternos. Mas, para além do governo, e a sociedade brasileira? O quanto se mobilizou? O quanto doou? O quanto isso foi debatido e promovido nas nossas comunidades religiosas, associações de moradores, organizações beneficentes etc.? Muito pouco. Nem mesmo nas redes sociais o assunto Moçambique atraiu um pouco da atenção destinada a frivolidades.
Moçambique é o nosso espelho. E a imagem nele refletida nos envergonha.
Luiz Henrique Lima
Auditor Substituto de Conselheiro do TCE-MT
Graduado em Ciências Econômicas, Especialização em Finanças Corporativas, Mestrado e Doutorado em Planejamento Ambiental, Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia.

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