Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
Av. André Maggi nº 6, Centro Político Administrativo

Governo de Mato Grosso

sábado, 27 de abril de 2019

""Sei muito bem qual lugar que a história me reserva", diz Lula

Antes de ser preso, em 7 de abril de 2018, Lula participou de comícioEm primeira entrevista desde que foi preso há um ano, ex-presidente reitera inocência, além de criticar Sergio Moro e atual governo. "Folha de S.Paulo" e "El País" conversaram com petista na carceragem PF em Curitiba. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu sua inocência, criticou Sérgio Moro e o atual governo e demonstrou preocupação com o futuro do Brasil em sua primeira entrevista desde que foi preso em abril do ano passado. O petista foi entrevistado nesta sexta-feira (26/04) pelos jornais Folha de S.Paulo e El País. "Sei muito bem qual lugar que a história me reserva. E sei também quem estará na lixeira", declarou Lula aos jornais durante a entrevista que foi realizada na carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde o ex-presidente cumpre pena.
O petista reiterou ser inocente e fez críticas ao ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, que o foi responsável por sua primeira condenação, e ao procurador da Deltan Dallagnol da Operação Lava Jato. Em julho de 2017, Moro condenou o ex-presidente a nove anos e seis meses de prisão no caso do tríplex no Guarujá.
Na sentença, o ex-juiz entendeu que Lula foi beneficiário de propina paga pela empreiteira OAS em troca de contratos com a Petrobras. Esses valores, que somam mais de 3,7 milhões de reais, não foram pagos em espécie, mas por meio da compra e reforma de um apartamento no Guarujá, segundo o atual ministro.
"O Moro tem certeza que sou inocente. O Dallagnol tem certeza que é mentiroso", afirmou e acrescentou que acredita que será inocentando no Supremo Tribunal Federal (STF). "Só quero que as pessoas julguem em função das provas", disse.
O ex-presidente contou que decidiu permanecer no Brasil após a condenação por ter certeza de sua inocência e disse que atacou a ordem de prisão com tranquilidade. "Fico preso cem anos, mas não troco minha dignidade pela minha liberdade. Quero provar a farsa montada".
Lula destacou que tem "obsessão" por "desmascarar Moro", mas ressaltou que não tem ódio ou guarda mágoas. Ao ser questionado sobre a possibilidade de não sair mais da prisão, respondeu que dorme com a consciência tranquila, algo, que segundo ele, o ex-juiz não conseguiria. O petista afirmou ainda que Moro não sobreviverá na política.
O ex-presidente também comentou o episódio no qual Moro, durante uma audiência na Câmara dos Deputados, erra duas vezes ao falar a palavra cônjuge. "Sempre riram de mim porque eu falava 'menas'. Agora, o Moro falar 'conje' é uma vergonha", opinou.
Críticas ao governo
Durante a entrevista que durou mais de duas horas, Lula fez algumas críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro, alegando que o país está sendo governado por "um bando de maluco".
"Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. O que não pode é esse país estar governado por esse bando de maluco que governa o país. O país não merece isso e sobretudo o povo não merece isso", ressaltou.
O ex-presidente disse ainda que o país alcançou atualmente o nível mais baixo de política externa e brincou que seu ex-chanceler Celso Amorim tem uma dívida por ter deixado Ernesto Araújo seguir carreira no Itamaraty.
"Tenho orgulho e sonhei grande porque passei a ser um presidente muito respeitado. Sonhava em criar um bloco na América do Sul para termos força nas negociações com União Europeia, Estados Unidos e China. Individualmente somos muito fracos. O Brasil foi muito importante no G20 e tudo isso se desmanchou", destacou.
Lula também disse estar mais preocupado com a situação do país do que com o momento que enfrenta. "Eu posso brigar, mas o povo nem sempre pode".
Sobre Bolsonaro, o petista disse que o ex-militar precisa construir um partido sólido para se perdurar. Afirmou que acompanha as trocas de fardas entre os filhos do presidente e seu vice, o general Hamilton Mourão, a quem chegou a agradecer ao falar sobre a morte de seu neto.
Mourão defendeu publicamente a ida de Lula ao velório do menino de 7 anos que faleceu no início de março. Ao falar do neto, o ex-presidente se emocionou. "Eu às vezes penso que seria tão mais fácil que eu tivesse morrido. Porque eu já vivi 73 anos, eu poderia morrer e deixar meu neto viver."
O pedido de entrevista a Lula foi feito pela Folha de S.Paulo e pelo El País há oito meses e só foi autorizado depois de uma batalha jurídica. Na semana passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (SFT), Dias Toffoli, liberou o pedido, revogando uma suspensão determinada em setembro do ano passado pelo ministro Luiz Fux.
A condenação
Lula está preso desde 7 de abril de 2018 em Curitiba. Ele foi condenado em segunda instância, em janeiro do ano passado, a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo que envolve um triplex no Guarujá. O ex-presidente nega as acusações.
Nesta terça-feira, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, por unanimidade, manter a condenação do ex-presidente, mas reduziu um quarto da pena, abrindo a possibilidade de que o petista venha a progredir para o regime semiaberto (quando o preso pode deixar a prisão durante o dia) já a partir de setembro deste ano, após cumprir um ano e meio de prisão.
No início de fevereiro, ele foi novamente condenado novamente, em primeira instância, por corrupção e lavagem de dinheiro, desta vez no processo referente a reformas realizadas num sítio em Atibaia, no interior de São Paulo.
Ao todo, Lula enfrenta oito ações penais – contando os dois casos em que já foi condenado e que aguardam recurso – e mais duas denúncias criminais. A denúncia mais recente foi apresentada em dezembro, e envolve acusação de que o ex-presidente recebeu 1 milhão de reais para intermediar negócios entre o governo da Guiné Equatorial e uma construtora brasileira.
Em março deste ano, foi a vez de Lula ser indiciado pela PF por suspeita de tráfico de influência e lavagem de dinheiro no âmbito da investigação que apura repasses milionários da empreiteira Odebrecht para a empresa de um de seus filhos.
CN/afp/ots/cp

Nenhum comentário:

Postar um comentário