
Outros optaram por outro caminho. Detratores de toda ordem não podiam ser liberados para impedir que o governante edificasse a sua obra e tivesse o seu nome para sempre glorificado. Livros publicados por subversivos insistiam em contar a história do país sem dar a devida importância para o imperador da China. O filho do Céu. Alguém que tinha o poder de ser o intermediário entre o sagrado e o profano. Como consertar isso?
Qin Shi Huang não hesitou e mandou queimar todos os livros publicados até então. Uma ordem imperial foi divulgada avisando a todos que deveriam, no prazo de 30 dias, entregar os livros para os mandatários locais que deveriam queimá-los. Qualquer cidadão flagrado com as tabuinhas de bambu, os livros da época, seria severamente castigado e mandado para trabalhos forçados em região distante. Assim o imperador acreditava que o seu nome seria glorificado para sempre no panteão dos imperadores do Império do Meio. Quanto mais a repressão apertava, mais tabuinhas eram escondidas. Alguns textos foram decorados e publicados assim que o tirano morreu.
A equipe era tão importante que ninguém se lembrava do nome do governante. Afinal o país vinha de plano econômico em plano econômico e não se conseguia dominar a inflação. Esta era responsável pela perda do poder aquisitivo da população, e mesmo a indexação dos salários era capaz de minorar a situação. Os preços nos supermercados eram remarcados mais de uma vez por dia. Só a elite tinha instrumentos para não perder renda. Professores, intelectuais formados no Brasil e no exterior elaboraram mais um plano econômico. Desta vez deu certo. Criou a moeda mais longeva da economia brasileira e a inflação ficou em níveis civilizados. Nos últimos anos têm ficado abaixo do centro da meta de 4,5% ao ano. Estes dados mostram a importância que o Plano Real teve. Foi responsável pela eleição do ministro da Fazenda, duas vezes, à presidência da república. Pouco ou nenhum destaque é dado ao presidente que governava quando o Plano Real se desenvolveu. Talvez porque era um político mineiro interiorano, sua popularidade maior era em Juiz de Fora e ganhou as manchetes da mídia social quando compareceu, ao lado de uma modelo, aos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. Nem grandes obras públicas, nem tabuinhas de bambu. Itamar Franco sumiu no meio de tantos famosos que povoaram a política brasileira no seu tempo.
Heródoto Barbeiro é editor-chefe e âncora do Jornal da Record News em multiplataforma.
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