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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

“A terra esgotada e a desumanidade que nos destrói”: a estratégia de Francisco oposta àquela dos políticos"

São todos temas que entrarão com força na campanha eleitoral que agora parece estar às portas (da Itália) aqueles enfrentados pelo Papa Francisco na entrevista concedida ao Vatican Insider de La Stampa: a Europa e seu relançamento, o perigo real do soberanismo e dos populismos, a questão dos imigrantes, da Amazônia e das mudanças climáticas que exige uma mudança nos estilos de vida que não podem mais continuar assim, especialmente nos países do bem-estar. Naturalmente Francisco responde ao entrevistador e não se importa minimamente com o debate eleitoral que está se preparando na Itália, mas, especialmente os católicos, deveriam ter isso em mente para manter um horizonte amplo e não provinciano quando o embate se tornará candente e os cidadãos terão que escolher com o voto entre as propostas das forças políticas.
Soluções opostas às dos fáceis slogans políticos
Essas são questões delicadas que se tornaram a linha discriminante para uma sociedade mais ou menos humana. O Papa trata delas com a maior liberdade, não pressionado pela urgência de ter votos a pedir. No entanto, em suas respostas, chama a atenção a naturalidade com que ele sugere ideias e reflexões não improvisadas, pois fazem parte de suas convicções desde sempre orientadas para o oposto do que parece ser aquilo manifestado pelas forças políticas populistas e soberanistas. Fica a impressão de que esteja continuando, de algum modo, o duelo a distância entre Francisco e Salvini que prefiguram modelos sociais opostos.
Francisco se move na esteira da grande tradição do ensinamento social da Igreja, desenvolvido especialmente nos dois últimos séculos da história, mas que remonta ao cerne do Evangelho e aos primeiros séculos da era cristã, quando os seguidores da nova fé estavam dispostos a morrer em nome de Jesus em defesa da fraternidade universal, dos pobres, da igual dignidade entre homens e mulheres.
O olhar do Papa sempre se move, mesmo em questões particulares, dentro dos grandes horizontes da história e dos princípios de liberdade, fraternidade, igualdade e amor que formam a base da doutrina social cristã. Uma visão que sempre encoraja a fazer o bem e a comprometer-se com a paz, na convicção de que o próprio bem se realiza no modo melhor e mais duradouro dentro do bem comum, no serviço aos outros, especialmente se fracos e pobres, livres do egoísmo e sede pelo dinheiro.
O que aconteceu com o direito à vida?
Emergem da entrevista algumas reflexões que depois Francisco resume em fórmulas lapidares: A Europa é um "patrimônio que não pode ser perdido" que "não deve se dissolver, é preciso salvá-la, tem raízes humanas e cristãs. Uma mulher como Ursula von der Leyen pode reavivar a força dos Padres Fundadores". "O soberanismo me assusta, leva a guerras".
No que diz respeito aos migrantes, é necessário antes de mais nada "jamais descuidar do direito mais importante de todos: o da vida".
Existe uma diferença substancial entre o populismo e estar do lado do povo: "No começo eu tinha dificuldade para entender isso, porque estudando teologia eu aprofundei o popularismo, ou seja, a cultura do povo: mas uma coisa é que o povo se expresse, outra é impor ao povo a atitude populista. O povo é soberano (têm um modo de pensar, de se expressar e de sentir, de avaliar), enquanto os populismos nos levam aos soberanismos: esse sufixo ‘ismo’ nunca é bom".
Quanto ao meio ambiente, nosso planeta deve temer “o desaparecimento da biodiversidade. Novas doenças letais. Uma deriva e uma devastação da natureza que pode levar à morte da humanidade".
O que ainda conta a palavra "diálogo"
As respostas do papa não se desdobram em raciocínios complicados, mas resumem com clareza longos tratados de sabedoria, pesquisa, escuta, experiência e criatividade que Francisco demonstrou ter em abundância. As questões importantes e complicadas para uma política mergulhada na corrupção e na superficialidade encontram no Papa claras indicações, que podem ser seguidas, desde que assim se deseje. Com contornos lineares.
Sobre a imigração, por exemplo, que se tornou o campo de batalha em que as pessoas, paralisadas pelos medos induzidos pela propaganda, correm o risco de perder a sua humanidade, Francisco indica um percurso que é, antes de tudo, concreto e de bom senso. Nunca semeia alarmismos, mas vias de diálogo e compreensão. Isso é válido para a Europa, mas, em geral, para evitar cair na armadilha dos soberanistas que vociferam sobre perigo de perder a nossa humanidade se nos abrirmos ao acolhimento.
Para a Europa, o principal desafio continua a ser o diálogo: "Entre as partes, entre os homens. O mecanismo mental deve ser ‘primeiro a Europa, depois cada um de nós’. O ‘cada um de nós’ não é secundário, é importante, mas a Europa conta mais. Na União Europeia, devemos conversar, comparar e conhecer. Em vez disso, às vezes vemos apenas monólogos de compromisso. Não: também é necessário ouvir”. Para responder às identidades que criam extremismos, o Papa traz o exemplo do diálogo ecumênico, que abriu seu caminho com grande dificuldade dentro da Igreja católica. "Eu não posso fazer ecumenismo senão partindo do meu ser católico, e o outro que faz ecumenismo comigo deve fazê-lo como protestante, ortodoxo ... A própria identidade não se negocia, se integra. O problema dos exageros é que se fecha a própria identidade, não nos abrimos. A identidade é uma riqueza - cultural, nacional, histórica, artística - e cada país tem a sua própria, mas deve ser integrada com o diálogo. Isso é decisivo: a partir da própria identidade, é preciso abrir-se ao diálogo para receber das identidades dos outros algo maior. Nunca se esquecer que o todo é superior à parte. A globalização, a unidade não deve ser concebida como uma esfera, mas como um poliedro: todo povo conserva a própria identidade na unidade com os outros".
A Terra esgotada: cada vez mais rápido
E finalmente, o olhar aponta para o meio ambiente, ao serviço do qual o papa convocou para o próximo mês de outubro o sínodo sobre a Amazônia. Este sínodo, que não tem precedentes na história, "é ‘filho’ da Laudato si’. Quem não a leu nunca entenderá o Sínodo sobre a Amazônia. A Laudato si' não é uma encíclica verde, é uma encíclica social, baseada em uma realidade ‘verde’, a custódia da Criação". Sobre o meio ambiente, há um dado com o qual Francisco confessa ter ficado assustado.
É o "Overshoot Day: em 29 de julho, esgotamos todos os recursos regeneráveis de 2019. A partir de 30 de julho começamos a consumir mais recursos do que aqueles que o planeta consegue regenerar em um ano. Isso é muito grave. É uma situação de emergência mundial. E o nosso será um Sínodo de urgência. Mas, atenção: um Sínodo não é uma reunião de cientistas ou políticos. Não é um Parlamento: é outra coisa. Nasce da Igreja e terá missão e dimensão evangelizadoras. Será um trabalho de comunhão orientado pelo Espírito Santo".
Também sobre o tema ambiental, como a Amazônia, a política deve “eliminar suas próprias conivências e corrupções. Deve assumir responsabilidades concretas, por exemplo, sobre o tema das minas a céu aberto, que envenenam a água causando tantas doenças, dos fertilizantes”. Agora já se perfila para o planeta "uma deriva e uma devastação da natureza que poderão levar à morte da humanidade".
A crescente conscientização ambiental entre os jovens abre o coração para a esperança sobre as mudanças climáticas. "Sim, particularmente nos movimentos de jovens ecologistas, como o liderado por Greta Thunberg, "Fridays for future". Uma de suas faixas me impressionou muito: "O futuro somos nós!"
O comentário é de Carlo Di Cicco, jornalista especializado em assuntos do Vaticano, publicado por Tiscali e Caminho Político. A tradução é de Luisa Rabolini.

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