

De imediato e atenta à esta questão, a diretora Laura Silva aceitou a proposta do curso com a recomendação que o resultado desse processo pedagógico se transformasse em um livro publicado. Desafio aceito pelo GPEA, a proposta foi apresentada e aprovada pela UFMT como curso de extensão, sendo realizado todos aos sábados entre os meses de agosto a outubro de 2016 no barracão da Acorquirim, em Mutuca.
Os temas da formação versaram sobre os saberes das mulheres quilombolas e como elas podem utilizá-los para o fortalecimento de suas identidades, tendo em vista o enfrentamento às mudanças climáticas em curso. Trazem também seus conhecimentos sobre o cuidado com a terra, a casa, as plantas, as crianças, a família e a comunidade.
O livro discorre do que elas relataram durante o curso e o que elas decidiram que deveriam constar como seus saberes quilombolas. Daí resulta que elas, participantes do curso, são autoras do livro, uma parceria com as pesquisadoras do GPEA/UFMT.
As mulheres foram escolhidas porque são o grupo social mais vulnerável aos efeitos drásticos do colapso climático, uma vez que delas dependem todo o cuidado da casa, das crianças e dos idosos e estão quase sempre com renda econômica mais baixa que os homens, sofrendo com os efeitos de uma sociedade patriarcal e machista, enfrentando violências de várias formas. Mulheres negras quilombolas, portanto, devem estar preparadas para dilema do século, pois são elas que sofrerão as maiores consequências deste acontecimento.
O livro As Fazedoras de Saberes: Diálogos das Mulheres Quilombolas do Mutuca com a Educação Ambiental, Gênero e Justiça Climática traz a beleza dos encontros pedagógicos, tornando as 32 mulheres quilombolas autoras do mesmo e os membros do GPEA como autoras e organizadoras do livro.
O lançamento do livro acontecerá neste sábado, dia 10 de agosto, às 9h, no barracão da ACORQUIRIM, no município de Nossa Senhora do Livramento. Na ocasião, as autoras mulheres quilombolas receberão um exemplar do livro que elas escreveram, assim também como as demais autoras do GPEA, e já comemoram este importante trabalho, que agora está disponível e acessível para qualquer pessoa que quiser conhecer mais sobre elas, à venda nas livrarias.
Denize Aparecida Rodrigues de Amorim é Gestora Governamental, doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e também participou do projeto na comunidade quilombola Ribeirão do Mutuca, ministrando oficinas, escrevendo textos e auxiliando na organização do livro.
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