
Os algoritmos são peças-chave na inteligência artificial. Por meio deles a máquina consegue observar padrões, identificar as mudanças nesses padrões e responder de acordo com a mudança ocorrida. A máquina sozinha consegue identificar o rosto de um usuário em meio aos 2,2 bilhões de usuários globais do Facebook (em julho de 2018).
Não seria ela capaz de identificar uma alteração patológica em uma radiografia ou tomografia computadorizada? Se ela fosse programada com os parâmetros de normalidade do posicionamento dentário, após a obtenção de imagens dos dentes de uma pessoa por meio de scanners bucais, seria ela capaz de diagnosticar e planejar movimentações dos dentes para que eles atinjam o posicionamento parametrizado como ideal? Será que estamos longe dessa realidade?
Vamos imaginar uma situação hipotética: Uma pessoa faz uma tomografia e um escaneamento bucal. Um software faz a análise das imagens e entende que não há alterações nos tecidos dentários, apenas o mau posicionamento dos dentes. Imediatamente ele já planeja o tratamento ortodôntico por meio do uso de placas alinhadoras removíveis que serão impressas na impressora 3D. Essa pessoa vai para casa com seus alinhadores e faz seu tratamento em casa mesmo, trocando as placas conforme vão acontecendo as movimentações dentárias.
Na situação apresentada, o paciente teve seu diagnóstico e planejamento conduzidos pela inteligência artificial e o tratamento orientado por ela. Mas, e se o tratamento não ocorrer conforme planejado? Diferentemente da máquina, o organismo biológico pode apresentar inúmeras variações, próprias ou induzidas por agentes externos, que podem levar a resultados diferentes dos previstos inicialmente. Nesse caso a responsabilidade da falha no tratamento recairia sobre quem? Sobre o robô (a máquina)? Sobre o próprio paciente?
Estamos prontos para prescindirmos da participação humana no cuidado com a saúde?
Luiz Evaristo Ricci Volpato é cirurgião-dentista e Diretor Tesoureiro do Conselho Federal de Odontologia (CFO).
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