
O cosmonauta garantiu seu lugar na história em 18 de março de 1965, ao fazer a primeira caminhada espacial, depois de sair da cápsula Voskhod 2 amarrado a uma corda. Caminhadas espaciais sempre são de alto risco, mas a aventura pioneira de Leonov foi uma audácia, segundo detalhes que só foram revelados décadas após o acontecimento.
Com o traje espacial, ficou fora da nave durante 12m09s. A caminhada começou quando a Voskhod 2 sobrevoava o Mar Negro. No vácuo, seu traje se inflou tanto, que ele não tinha mais como voltar para a cápsula.
Seguindo as instruções, Leonov tentou inicialmente entrar pela escotilha com as pernas para a frente, mas ficou preso na altura das coxas. A situação ficou mais crítica. Dentro do traje, não conseguia utilizar as mãos, tinha reservas de oxigênio para apenas meia hora e restavam cinco minutos para que a nave voasse pela parte escura da Terra, ou seja, permaneceria quase uma hora na mais absoluta escuridão.
"Sem consultar ninguém, reduzi quase o dobro da pressão, as coisas mais ou menos voltaram aos seus lugares, agarrei as pontas da escotilha e entrei de cabeça", comentou alguns anos atrás à imprensa.
Segundo relatou, problemas também ocorreram no retorno porque a escotilha não foi hermeticamente fechada, o sistema de defesa automático não funcionou e os cosmonautas, ao realizarem a descida com os comandos manuais, aterrissaram muito longe da área prevista.
Dez anos depois, Leonov retornou ao espaço, no comando da metade soviética da missão 19 da Apolo-Soyuz. Foi a primeira missão espacial conjunta entre a União Soviética e os Estados Unidos, realizada no auge da Guerra Fria.
Alguns dias antes de o cosmonauta completar 85 anos, em maio, dois membros russos da tripulação da Estação Espacial Internacional caminharam pelo espaço com uma foto dele, para homenageá-lo.
Leonov era um ícone tanto em seu país quanto nos EUA, chegando a ser homenageado pelo escritor britânico de ficção científica Arthur C. Clarke, que, no romance 2010: Uma odisseia no espaço 2, batizou a espaçonave soviética com o nome do cosmonauta.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, transmitiu as condolências do presidente russo, Vladimir Putin, aos familiares do cosmonauta: "Putin sempre admirou a coragem de Leonov, que considerava um homem extraordinário", destacou. A Nasa também prestou homenagem ao cosmonauta. "Sua aventura no vácuo do espaço deu início a história da atividade extraveicular que tornou hoje possível a manutenção da estação espacial", registrou a agência espacial americana.
CN/efe/lusa/ap/rtr/cp
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