
Representante da Associação dos Lojistas em Artigos de Pesca, Nilma Silva afirmou que a implantação do Cota Zero vai ter uma consequência drástica, de impactar negativamente na economia dos municípios do Vale do Rio Cuiabá. Em sua avaliação, nas regiões onde a atividade pesqueira é tradicional e intensifica o comércio, a atividade será esvaziada, prejudicando a classe mais pobre.
"São mais de 10 mil pescadores profissionais e 20 mil pequenos empresários, pais de famílias que vivem do comércio de venda de artigos de pesca como iscas, varas, anzóis e produção de minhocas. Geramos mais de 100 mil empregos diretos e indiretos em Mato Grosso e agora esse governo, de forma autoritária, impõe um projeto que, pela maneira como está, vai sacrificar o pobre em favor de grandes produtores de alevinos e de usinas hidrelétricas", disse.
O professor e ictiológo Francisco de Arruda Machado, conhecido como Francisco Peixe, classificou o projeto de lei como um texto pautado, no mínimo, pela ingenuidade, uma vez que defende o fim da pesca amadora como a salvação dos rios.
"Não há uma linha neste projeto ou iniciativa do próprio estado em adotar políticas de saneamento básico para pôr fim às imundices acumuladas nos rios. Já há estudos claros de que a pesca não é problema para o rio, mas a falta de política de tratamento de esgoto juntamente com efeitos de agrotóxico e desmatamento", destacou.
Mestra em Ecologia e Biodiversidade, a professora da UFMT Luciana Mateus vê o projeto Cota Zero como uma estratégia política de apropriação do meio ambiente pelo estado.
“Está claro que a ideia é afastar os pescadores dos rios e transparecer uma certa normalidade e tranquilidade quando na verdade será explorado por grandes grupos econômicos. Não há uma proposta de controle e desenvolvimento das diferentes raças”.
O deputado Wilson Santos, que nas últimas semanas viajou até Mato Grosso do Sul e verificou os efeitos negativos do Cota Zero nos municípios mais pobres daquele estado, enalteceu a participação popular no debate e acredita que a mobilização pode levar o governo do estado a rever a proposta do Cota Zero.
“Espero que o Executivo e sua base no Parlamento escutem os mais carentes e apresentem propostas condizentes ou que, na melhor das hipóteses, reconheçam a inviabilidade do Cota Zero”, disse.
Ciclo de debates
Para discutir o projeto Cota Zero com a população e evitar que a classe mais pobre seja prejudicada, o deputado Wilson Santos (PSDB) patrocinou audiências públicas para debater o tema no Distrito de Bonsucesso, em Várzea Grande, e nos municípios de Barra do Bugres, Poconé e Rosário Oeste.
Pelo cronograma definido pela Mesa Diretora, o projeto de lei será submetido ao plenário para votação na primeira quinzena de dezembro.
Assessoria/Caminho Político
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