
Na melhor das hipóteses, Bolsonaro conseguirá atrair 60 deputados federais e suas respectivas dotações financeiras para 2020. Será um partido mais coeso ideologicamente do que o PSL, hoje no ápice de sua desorganização. Bolsonaro e seus filhos terão total controle sobre as decisões partidárias. Isso é bom para o presidente. Mas ele talvez não conte com dois aspectos negativos de seu empreendedorismo organizacional.
O primeiro é que a criação do Aliança Pelo Brasil jogará o PSL para a oposição. Os bivaristas já estão chateados com o presidente e, depois disso, não terão motivo algum para apoiá-lo. Terão todos os incentivos para atrapalhar o máximo possível.
A segunda desvantagem é aumentar a fragmentação partidária, quesito no qual o Brasil é recordista planetário. Formar maiorias no plenário para aprovar o difícil pacote econômico de Paulo Guedes será um imenso desafio. O alívio para Bolsonaro poderá decorrer do fato de que, segundo os cálculos do cientista político Carlos Pereira (FGV EBAPE), esta é a Câmara dos Deputados mais conservadora desde a redemocratização. Se o novo partido de Bolsonaro der certo, saberemos se preferências ideológicas se sobrepõem a estratégias de carreiras eleitorais – dificultadas, à exceção dos bolsonaristas mais leais, com o Aliança Pelo Brasil.
Sérgio Praça Cientista político com doutorado pela Universidade de São Paulo e professor da FGV CPDOC
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