Os jornalistas Aloy Jupiara e Chico Otávio acabam de lançar Deus tenha misericórdia dessa nação: a biografia não autorizada de Eduardo Cunha (Editora Record). Chico conta que a ideia de escrever sobre o ex-presidente da Câmara surgiu na época em que Cunha conduziu o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Era o auge de uma carreira polêmica, sobre a qual eu, como repórter, já escrevia há quase duas décadas.
Cunha entrou no meu radar no governo Garotinho, no Rio. Desde então, não deixei de acompanhá-lo e revelar as suas manobras nos bastidores da política”, relata.
Cunha entrou no meu radar no governo Garotinho, no Rio. Desde então, não deixei de acompanhá-lo e revelar as suas manobras nos bastidores da política”, relata.
Ele e Aloy haviam publicado o livro Os Porões da Contravenção: jogo do bicho e ditadura militar, também pela Editora Record. “Em conversa com nosso editor, Carlos Andreazza, surgiu a ideia de um novo livro sobre Eduardo Cunha. Embora eu estivesse trabalhando na área digital (nós dois no jornal O Globo), tinha sido antes subeditor na editoria Nacional/Política e fui editor de conteúdo dos sites do Globo e do Extra, o que me levou a acompanhar a política de perto. Em 2016, começamos o trabalho de pesquisa, leituras, entrevistas, apuração. Foi um ano-chave para o Brasil. Nós nos debruçamos sobre a vida de Cunha antes da presidência da Câmara ao mesmo tempo em que a crise em Brasília e no país se desdobrava. A investigação durou 3 anos e meio”, explica Aloy. Histórias pitorescas
“Cunha é reflexo de uma maneira de fazer política. Note que eu digo de ‘uma maneira’, porque não me parece correto generalizar. Ele é o retrato de uma parte, não do todo”.
Chico destaca que a biografia não autorizada reúne os episódios da carreira pública do ex-deputado com histórias inéditas, muitas delas pitorescas.
“Recuperamos casos até da adolescência de Cunha, que ajudam a entender a personalidade complexa deste político. Difícil destacar um dos episódios. Todos são interessantes, o que dá ao livro um bom ritmo de leitura”.
Investigação aprofundada
Em tempos de internet e informação rápida, Chico afirma que ainda acredita na reportagem aprofundada.
“Eu me considero um dos últimos românticos do jornalismo brasileiro, mas continuo acreditando na reportagem aprofundada, na investigação e, principalmente, na rua. É de lá que saem as melhores histórias. É preciso queimar a sola do sapato. Ninguém mais te passa uma informação quente pelo celular ou coisa parecida. Precisa ser ‘olho no olho’”.
Para Aloy, a reportagem, seja para um veículo digital ou impresso, sempre vai ser aprofundada. “No caso de um livro-reportagem ou biografia, os autores contam com muito mais tempo para a investigação. É uma experiência bem diferente do jornalismo diário. Ainda é algo novo para mim escrever um livro”.
Kassia Nobre/Caminho Político
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