Durante audiência pública na Comissão de Cultura, Ernesto Araújo disse que não houve "propriamente" uma invasão da embaixada da Venezuela.O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, defendeu nesta quarta-feira (27), na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, a criação do Instituto Guimarães Rosa, para difundir a cultura brasileira no exterior. “Um país que deseje ter um lugar de destaque no mundo necessita ter uma instituição cultural pujante
para a sua presença no exterior e nós achamos que o Brasil tem essa demanda, que o Brasil tem condições de possuir, como diriam os franceses, uma irradiação cultural muito maior do que na atualidade”, afirmou.
para a sua presença no exterior e nós achamos que o Brasil tem essa demanda, que o Brasil tem condições de possuir, como diriam os franceses, uma irradiação cultural muito maior do que na atualidade”, afirmou.
Araújo disse que a ideia é unificar a política pública de difusão cultural no exterior, nos moldes do que é feito, por exemplo, pelo Instituto Camões (Portugal) e pela Aliança Francesa, para fortalecer a imagem positiva no Brasil mundo afora.
O chanceler afirmou que, além da cultura, o Instituto Guimarães Rosa também pretende privilegiar a divulgação da língua portuguesa.
“Queremos especificamente fomentar o bilinguismo aqui na Iberoamerica, por meio de parcerias com instituições ou mesmo unilateralmente, por meio da contratação de professores de Português para atividades curriculares”, disse.
O ministro reconheceu que o novo instituto nasce em meio a uma escassez de recursos. Segundo ele, a área de difusão cultural do Itamaraty recebeu, em 2019, R$ 36 milhões (US$ 9 milhões). No mesmo período, disse que o Instituto Camões teve US$ 26 milhões, e o Instituto Cervantes (Espanha), US$ 142 milhões.
Venezuela
Antes da apresentação sobre o instituto, o ministro foi questionado por vários deputados sobre temas de política externa. Ele não reconheceu como invasão a entrada de um grupo de 15 pessoas na embaixada da Venezuela em Brasília, no dia 13 de novembro, quando o prédio foi ocupado por partidários do líder opositor venezuelano Juan Guaidó, reconhecido pelo governo Bolsonaro como presidente do país vizinho.
"Meu entendimento é de que não houve uma invasão, propriamente", disse ele, explicando que funcionários da embaixada deram acesso a pessoas ligadas à embaixadora indicada pelo "governo legítimo" de Guaidó. No entanto, houve confronto com pessoas ligadas ao presidente Maduro, e ele pediu a intervenção da polícia.Posições agressivas
O ministro das Relações Exteriores foi criticado por deputados da oposição por tomar posições consideradas agressivas em relação a governos de países que não estariam alinhados ao governo Bolsonaro. Ele enfatizou que o Itamaraty foca nos interesses brasileiros, mas invocou o direito de defender princípios e valores de maneira firme.
A deputada Bia Kicis (PSL-DF) reclamou que o foco da audiência pública foi mudado, mas apoiou a política externa do governo. “Eu fico muito feliz porque o Brasil, que já estava sendo considerado um anão diplomático, está recuperando a sua posição que outrora foi de gigante diplomático”, disse.
O deputado Marcelo Calero (Cidadania-RJ), autor do pedido para a realização do debate, pensa diferente: “Essa audiência serviu para mostrar que a política externa brasileira é cheia de preconceito, é cheia de conceitos mal formulados, ela vai contra todas as tradições diplomáticas do Brasil, contra os próprios interesses nacionais”, afirmou o deputado, que é diplomata de carreira.
Reportagem - Cláudio Ferreira
Edição - Wilson Silveira
Caminho Político
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